Milhares de pessoas manifestaram-se em Londres, na terça-feira, contra a proposta do primeiro-ministro de lançar ataques na Síria contra o grupo extremista auto-denominado Estado Islâmico (EI). A proposta de David Cameron é votada esta quarta-feira no parlamento britânico.
Os manifestantes desfilaram ao final da tarde em Westminster, no centro da capital britânica, seguindo para as sedes dos partidos dos conservadores e dos trabalhistas, constatou a agência noticiosa AFP no local.
"Não aos bombardeamentos na Síria" e "David Cameron, tem vergonha!", gritavam os manifestantes, que empunhavam cartazes onde se lia "Parem a guerra".
"Quando bombardeamos os habitantes de um país, nós já não estamos em segurança, nós perdemos segurança", declarou Salma Yaqoob, responsável da organização pacifista 'Stop the War' (Parem a Guerra). Uma das manifestantes, Jenny Eyles, citada pela AFP, disse que "a única maneira de travar o grupo Estado Islâmico é cortar-lhe o financiamento e impedir que tenha acesso a armas".
No sábado passado, cerca de cinco mil pessoas tinham-se manifestado em Londres contra a proposta de David Cameron.
Aprovação garantida apesar da oposição do Labour
Ainda que as forças britânicas já levem a cabo raides aéreos no Iraque contra o auto-denominado Estado Islâmico, o parlamento debate esta quarta-feira uma extensão das operações para território sírio. David Cameron decidiu levar a proposta a votação depois de garantir uma maioria favorável a essa intervenção.
O texto, mais extenso que o habitual, faz referência às principais dúvidas dos deputados, e afirma designadamente que a intervenção militar não vai incluir tropas terrestres e inclui-se "numa missão mais ampla para trazer a paz e a estabilidade" ao país do Médio Oriente.
O Governo conservador, que pretende assegurar um amplo poio parlamentar, faz referência a uma recente resolução da ONU como "base legal" para o ataque, ao solicitar aos Estados que adoptem as "medidas necessárias" para prevenir atentados do grupo extremista.
Para além do Partido Trabalhista (Labour), opõem-se ao ataque o Partido Nacionalista Escocês (SNP) e diversos deputados conservadores, por considerarem que o envolvimento militar britânico apenas agravará a situação na Síria. No entanto, e pelo facto de os deputados trabalhistas terem liberdade de voto numa câmara em que os conservadores garantem maioria absoluta, diversos observadores admitem a aprovação da moção.
No texto apresentado terça-feira, o Governo assegura que vai continuar a fornecer ajuda aos refugiados sírios e reconhece a importância de "planificar a estabilização e reconstrução pós-conflito", e interromper as fontes de financiamento do EI.