Independentemente do que João Galamba poderá dizer esta quinta-feira, durante a comissão parlamentar de inquérito (CPI), o ministro das Infraestruturas "não tem condições para continuar" no cargo.
É a convicção de João Duque, depois de a ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, ouvida no Parlamento esta quarta-feira, ter contradito o ministro ao garantir que só falou com João Galamba sobre a Polícia Judiciaria e não do SIS.
"Começa a ser embaraçoso, porque isto já não é uma contradição com um assessor, mas com um colega de ministério. Acho que não tem condições para continuar, a não ser por teimosia do senhor primeiro-ministro", diz João Duque.
Em causa está a CPI à gestão da TAP, que, para o comentador, revela uma "grande trapalhada" e gera "sentimento de vergonha alheia". O economista reconhece não ser "fácil assistir a declarações de ministros em dias sucessivos que se contradizem". "E, portanto, que não dizem, aparentemente, a verdade toda."
Um dos aspetos que causa estranheza ao analista são os aparentes "apagões de informação" dentro do mesmo governo, sublinha.
"Neste momento o plano de reestruturação [da TAP] estará apenas no computador de Frederico Pinheiro, ou será que o ministro anterior não terá também uma cópia?", questiona.
"Se calhar, também, o ex-ministro tem de entregar o seu computador para ver se não está lá algum plano de reestruturação guardado e, como documento classificado, deve estar na posse do Estado", remata.
O ministro das Infraestruturas, João Galamba, é ouvido esta quinta-feira, no âmbito da CPI à gestão da TAP. A audição, marcada para as 17h00, acontece um dia depois de o seu ex-adjunto, Frederico Pinheiro, e a sua chefe de gabinete, Eugénia Cabaço, já terem sido ouvidos no Parlamento.