Juncker: "Os que cometeram atentados são exactamente aqueles de quem fogem os refugiados"
15-11-2015 - 13:43
Presidente da Comissão Europeia critica "reacções primárias", como as da Polónia, que relacionam a crise migratória e o terrorismo para pôr em causa a política migratória europeia.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, defendeu este domingo que os atentados de Paris e a descoberta de um passaporte sírio junto a um dos atacantes não devem levar a uma mudança na política europeia de acolhimento de refugiados.
"Os que cometeram os atentados são exactamente aqueles de quem os refugiados fogem e não o contrário. Consequentemente, não há motivo para rever o conjunto das políticas europeias em matéria de refugiados", disse Juncker à imprensa antes do início da Cimeira do G20 em Antalya, no sul da Turquia.
O responsável europeu referia-se ao facto de os investigadores franceses terem encontrado um passaporte sírio junto ao cadáver de um dos atacantes, passaporte que as autoridades da Grécia informaram ter sido utilizado por um refugiado para se registar na ilha de Lesbos a 3 de Outubro.
Juncker tem defendido que, face ao afluxo sem precedentes de centenas de milhares de migrantes à Europa, cerca de metade dos quais famílias que fogem da guerra na Síria, os países membros da União Europeia devem acolher esses refugiados com base num sistema de quotas.
"Aquele que é responsável pelos ataques em Paris não pode ser colocado em pé de igualdade com os verdadeiros refugiados que procuram asilo", frisou Juncker, criticando as "reacções primárias" daqueles que, como a Polónia, estabelecem uma relação entre a crise migratória e o terrorismo para pôr em causa a política migratória europeia.
O presidente da Comissão Europeia referia-se a declarações feitas no sábado pelo futuro ministro dos Negócios Estrangeiros do governo polaco em formação, Konrad Szymanski, que afirmou: "As decisões, que criticámos, sobre a relocalização de refugiados e imigrantes em todos os países da UE têm sempre força de lei. [Mas] depois dos acontecimentos trágicos em Paris, não vemos possibilidade política de as respeitar".
A investigação aos seis atentados perpetrados na sexta-feira à noite em Paris tem privilegiado a chamada "pista jihadista", quer pela detenção do passaporte sírio, quer porque seis dos sete atacantes utilizaram coletes de explosivos.
Os ataques, reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, fizeram 129 mortos e 352 feridos, segundo o mais recente balanço das autoridades francesas.