O representante da Federação de Sindicatos da Função Pública no Conselho Geral e de Supervisão da ADSE, José Abraão, mostra-se muito crítico do conselho diretivo do sistema público de saúde.
“O conselho diretivo, em vez de estar ao serviço das tutelas, devia estar ao serviço dos beneficiários”, defende.
“Não tenho ouvido aquilo que são as posições dos beneficiários que pagam a ADSE”, insistiu nestas declarações à Renascença.
José Abraão, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP), apela por isso ao Governo que “olhe para isto” e altere o modelo de gestão.
“A ADSE terá sustentabilidade se for gerida de forma diferente, se houver algum alargamento”, defende.
José Abraão reage assim ao relatório do Tribunal de Contas, divulgado esta quarta-feira e segundo o qual, se nada for feito, o subsistema de saúde dos funcionários públicos terá saldo negativo (de 17 milhões de euros) já no próximo ano.
Os excedentes que a ADSE acumulou podem esgotar-se dentro de sete anos, refere ainda o documento.
“Não quero acreditar que a ADSE vai acabar, porque sendo dos funcionários públicos, sendo dos trabalhadores do serviço público, queremos mantê-la ao serviço enquanto instrumento complementar de saúde a que todos temos direito e sem pôr em causa o SNS”, defende o dirigente do SINTAP.
Frente Comum defende outra política de gestão
A coordenadora da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, Ana Avoila, considera que os problemas na ADSE estão por resolver porque o "Governo quer".
Aliás, o alerta do Tribunal de Contas "é preocupante", mas não é novo" para a Frente Comum, afirma Ana Avoila à agência Lusa, para quem a situação pode ser ultrapassada com outra política de gestão.
"Nós temos apresentado propostas ao Governo que não foram postas em prática, porque eles querem manter esta situação. Espero que o conselho de administração tenha o relatório em conta e que de uma vez por todas passe a uma política de gestão com protocolos de hospitalização privada variada para resolver parte do problema", disse.
Na opinião da coordenadora da Frente Comum, a política de gestão com protocolos com hospitalização privada é uma "grande parte do problema" e poderia ser resolvido através da diversificação, nomeadamente abrangendo pequenas clínicas.
"A negociação de protocolos deve ser feita de forma variada. Lembro que os dinheiros da ADSE são engolidos pela hospitalização privada. Enquanto eles não alterarem a gestão o problema vai manter-se", salientou, recordando que os trabalhadores descontam 3,5% do seu salário.
A Frente Comum considera que o Governo do PS quer a mutualização e fazer da ADSE um Serviço Nacional de Saúde privado ao lado do Serviço Nacional de Saúde".