A antiga ministra da Saúde, Ana Jorge, pede que a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RCCI) precisa de ser "repensada e renovada".
Durante um debate na Conferência " A Saúde Mental no Pós-Pandemia", uma parceria entre a Renascença e a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, a especialista refere que "o funcionamento da rede criada há 17 anos não está adequado aos dias de hoje".
"A reforma que houve da RCCI, por razões meramente politico partidiários, é um erro crasso do ponto de vista clínico", avalia.
A atual presidente da Cruz Vermelha Portuguesa realça também que grande parte das gerações mais velhas "são doentes dependentes e acamados que precisam da intervenção dos cuidados de saúde".
Porque é que muita gente morreu nos lares durante a pandemia? "Porque os cuidados de saúde não estavam lá", sublinhou.
"A área das demências é uma, a área dos doentes mentais crónicos é outra. As unidades do ponto de vista geral não têm condições nem profissionais de intervir no doente de doença mental crónica. São áreas que precisam de uma intervenção qualificada", acrescenta.
Por isso, a ex-ministra diz ser necessário "aprofundar a interligação" entre cuidados de saúde e as instituições sociais. "Temos de cada vez mais trabalhar em rede. Se não trabalharmos em rede não há possibilidade de conseguir recursos necessários."
"Não esquecer o apoio domiciliar. Não podemos continuar a colocar todos os mais velhos em instituições", refere.
"O psicólogo da escola não é o mesmo do psicólogo num serviço de saúde. O psicólogo nas escolas estão lá para atividades e trabalhar em conjunto na dinâmica escolar. Nos centros de saúde, os psicólogos têm de estar ligado com equipas multidisciplinares comunitárias", acrescenta, por outro lado.
[Artigo atualizado às 12h30]