A Cáritas Portuguesa alertou esta terça-feira para “um aumento generalizado, em todo o país, dos pedidos de ajuda”, indicando que as famílias que mais procuram a instituição “são famílias de classe média e média-baixa”.
Em comunicado, a rede nacional Cáritas dá conta de “uma tendência comum para um aumento da procura por parte de famílias em situação de empregabilidade”, sinalizando que “o acesso à habitação constituí uma das principais dificuldades para a integração de pessoas vulneráveis, nomeadamente jovens estudantes, famílias com baixo rendimento e pessoas sem abrigo”.
“Há um aumento generalizado de famílias de outros países que procuram ajuda de emergência”, diz a instituição da Igreja, que se mostra preocupada com “a pressão que os pedidos de apoio de estrangeiros, migrantes e refugiados coloca sobre a rede nacional Cáritas e sobre as comunidades locais o que gera tensão sempre que os recursos escasseiam”.
Segundo a Cáritas, “não há medidas políticas nem estratégias que permitam vislumbrar soluções no curto prazo, o que compromete o futuro de muitos” até porque “existe um decréscimo de disponibilidade por parte dos doadores e as medidas com vista à sustentabilidade das respostas sociais tardam em chegar”.
Instituição trabalha para dar resposta ao aumento de solicitações
Reiterando que a rede nacional Cáritas acompanha “com preocupação a atual situação da sociedade portuguesa e os impactos que as sucessivas crises provocam no bem-estar das famílias”, a instituição sublinha que “as condições de vida de muitas famílias em Portugal já eram muito frágeis” e que “os desafios económicos atuais representam uma barreira difícil de transpor, principalmente, sem recurso a ajudas fora do seio familiar”.
“Veja-se, por exemplo, o caso de uma família com dois adultos e uma criança, que adquire sempre produtos das gamas mais baratas em Portugal, o orçamento alimentar básico mensal aumentou 45 euros ao longo do último ano. O aumento das despesas de primeira necessidade (incluindo também combustíveis, saúde, educação, comunicação, água, rendas, eletricidade e vestuário) terá sido mais do dobro. Estes valores são muito superiores aos apoios previstos para acudir à situação de emergência gerada pela inflação”, lê-se no documento.
“O acumulado de aumentos e a sobreposição de crises sociais são as razões pelas quais as famílias procuram a ajuda da rede nacional Cáritas”, diz a instituição, revelando que “luta para dar resposta ao aumento das solicitações, à sua diversidade e, por outro lado, ao aumento dos custos de gestão, para garantir que quem nos procura encontra sempre uma porta aberta e a resposta de emergência de que necessita”.
A presidente da Cáritas Portuguesa, Rita Valadas, citada no comunicado, garante, no entanto, que “apesar das dificuldades continuaremos a procurar caminhos eficazes para inverter as situações de vulnerabilidade e dar às famílias a quem servimos um olhar de esperança sobre o futuro”.
A rede nacional Cáritas é composta por 20 cáritas diocesanas, representando todas as regiões do país, e apoia anualmente cerca de 120 mil pessoas.