A candidatura do PTP às legislativas da Madeira desafiou esta quarta-feira o Governo Regional (PSD/CDS-PP) a "refundar" e "despolitizar" o sistema de saúde, conforme as promessas feitas há quatro anos pelo presidente do executivo, o social-democrata Miguel Albuquerque.
"O Dr. Miguel Albuquerque prometeu à população nas últimas eleições [2019] que refundaria o Serviço Regional de Saúde. É importante que essa situação venha a acontecer, porque não aconteceu. É uma das tais promessas que ele falhou", disse Edgar Silva, número dois da lista de candidatos do PTP às regionais de 24 de setembro.
O candidato falava no decurso de uma ação de campanha junto à Secretaria Regional da Saúde e Proteção Civil, no centro do Funchal, na qual destacou ser "importantíssimo" reorganizar o serviço público para evitar o avolumar de "filas indianas de macas nas urgências" e a "formação contínua de novas altas problemáticas e de listas de espera".
"O Governo Regional tem tanta responsabilidade nas listas de espera quantos anos governa a região [desde 1976], ou seja, elas existem há tantos anos que isto é um sinal, manifestamente à vista de toda a gente, que [o executivo] não tem competência para resolver esta situação", disse.
Edgar Silva, que é enfermeiro do Serviço de Saúde da Madeira (Sesaram), lembrou, por outro lado, que o chefe do executivo prometeu também "despolitizar a saúde".
"Então, que comece agora mesmo a despolitizar a saúde. Se ganhar as eleições, que tenha a coragem de nomear pelo mérito e competência o próximo conselho de administração [do Sesaram], não se preocupe com a confiança política, porque confiança política tem ele aqui na Secretaria", afirmou.
O candidato do PTP evocou o caso do ciberataque, ocorrido em 06 de agosto, que motivou uma "disfunção na rede informática" do serviço público de saúde, para dizer que "ninguém cai para o lado, ninguém é demitido, ninguém é chamado à responsabilidade".
"É isto que nós queremos chamar a atenção à população da Madeira, que tenha em linha de conta que estas são situações graves e que veja no dia 24 em quem realmente vai depositar confiança para resolver estes problemas", disse.
A candidatura do Partido Trabalhista Português (PTP) é encabeçada por Quintino Costa, que foi eleito presidente da estrutura regional em 2019.
Em 2011, o PTP chegou a alcançar três mandatos na Assembleia Legislativa da Madeira e, em 2015, integrou a coligação Mudança (PS/PTP/PAN/MPT), que se desintegrou após o ato eleitoral, e ficou representado por um deputado.
Já em 2019 não conseguiu eleger qualquer representante.
As legislativas da Madeira decorrem em 24 de setembro, com 13 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único.
PTP, JPP, BE, PS, Chega, RIR, MPT, ADN, PSD/CDS-PP (coligação Somos Madeira), PAN, Livre, CDU (PCP/PEV) e IL são as forças políticas que se apresentam a votos.
Nas anteriores regionais, em 2019, os sociais-democratas elegeram 21 deputados, perdendo pela primeira vez a maioria absoluta que detinham desde 1976, e formaram um governo de coligação com o CDS-PP (três deputados). O PS alcançou 19 mandatos, o JPP três e a CDU um.