Em Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, permanecem cerca de 750 mil pessoas deslocadas. Entrevistado pelo jornalista João Cunha, da Renascença, o bispo de Pemba, D. António Juliasse, alertou que a informação oficial sobre a situação naquela província de Cabo Delgado induz em erro. Informação que não parece ter chegado à comunicação social portuguesa. É chocante a falta de informação, em Portugal, sobre a gravíssima situação em Cabo Delgado
D. António Juliasse considera que essa informação oficial, presume-se que vinda do governo moçambicano, olha mais para o avanço das tropas moçambicanas – que já controlam mais zonas, até há pouco nas mãos dos radicais islâmicos – do que para a situação humanitária, que continua crítica.
Há três meses (25 de agosto), referi aqui que militares do Ruanda e militares moçambicanos, atuando em coordenação, teriam conseguido afastar os terroristas islâmicos de Mocimboa da Praia, cidade daquele distrito de Moçambique que no ano passado caíra nas mãos dos jiahdistas.
Segundo parece, militares da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADCC) entraram também em operações contra os terroristas islâmicos que desde 2017 espalham a morte e o sofrimento naquela zona. Mas a situação humanitária permanece ali dramática. A Caritas e as agências das Nações Unidas tentam dar resposta, que a dispersão dos deslocados não facilita.
A Igreja tem mantido um papel decisivo no apoio às martirizadas populações daquela vasta zona. E é também através de figuras da Igreja, como o bispo de Pemba, que nos chegam algumas, escassas notícias. São informações que furam o véu de esquecimento em que, entre nós, parece ter caído a tragédia de Cabo Delgado.