Um conjunto de 50 personalidades vai apresentar um manifesto contra o domínio espanhol na banca portuguesa. A informação, avançada no domingo pelo comentador Marques Mendes, na SIC, já foi confirmada pela Renascença. O documento deverá estar pronto dentro de uma semana e meia.
O empresário Alexandre Patrício Gouveia é um dos promotores da iniciativa. Contactado pela Renascença, o adjunto para os Assuntos Económicos de Pinto Balsemão, quando este foi primeiro-ministro, prefere não fazer comentários.
Outra das personalidades envolvidas, segundo o “Diário de Notícias”, é o antigo presidente da Associação Portuguesa de Bancos João Salgueiro.
Em entrevista à Renascença, no início de Março, João Salgueiro defendeu que o problema não são os espanhóis, mas a concentração do capital da banca numa única origem. "Não me agrada nada que estivéssemos na mão dos bancos de um único país, espanhóis ou outros. Se fossem todos chineses também não me agradava, porque perdemos a independência", disse.
A entrada dos espanhóis na banca portuguesa tem alimentado o debate desde que o Santander comprou o Banif. O La Caixa está em braço de ferro com o capital angolano no BPI. Há ainda interesse espanhol no Novo Banco e, não menos importante, foram os espanhóis do Bankinter que compraram o Barclays em Portugal.
O domínio espanhol na banca portuguesa preocupa também o Presidente da República. Em Espanha, na semana passada, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que é importante a presença da banca espanhola em Portugal, mas afirmou que nenhuma economia deve ter uma posição exclusiva num sector chave como o sector financeiro.
"É importante uma presença significativa espanhola em Portugal, o que é diferente de haver um exclusivo. O que não se aplica especificamente a um país, é uma posição de fundo”, disse Marcelo.