BES. “Machado da Cruz fez erros com a melhor das intenções”
28-10-2024 - 18:07
 • Liliana Monteiro

A constatação levantou curiosidade junto da juíza que quis saber o porquê daquela nota e o que quereria dizer. O que era, no fundo, um erro com “boas intenções”?

A frase consta de um caderno de notas de Inês Neves, ex-auditora da KPMG, “Machado da Cruz fez erros com a melhor das intenções”, e era relativa a uma reunião no Luxemburgo onde se discutiu o buraco do BES.

O documento foi mostrado pelo Ministério Público, quando, esta segunda-feira, fazia questões à testemunha, naquele que é o sexto dia do julgamento do caso BES/GES. Durante as perguntas, quis saber se a frase tinha mesmo sido dita por alguém no encontro, ao que Inês Neves respondeu positivamente.

Francisco Machado da Cruz foi o contabilista do grupo entre 2002 e 2014, tendo-lhe sido imputada a falsificação das contas da Espírito Santo International (ESI).

A constatação levantou curiosidade junto da juíza que quis saber o porquê daquela nota e o que ela quereria dizer, e o que era, no fundo, um erro com “boas intenções”. A testemunha disse não se lembrar quem tinha proferido tal citação e que não conseguia fazer conjetura sobre o significado da mesma.

Inês Neves lembrou que na mesma reunião se pôs a possibilidade de fraude ao nível da Espírito Santo Internacional (ESI). Mais tarde, a KPMG fez uma averiguação do contexto em que teria surgido o alegado “erro” nas contas e conclui-o que “houve erro intencional nas contas, mas em benefício próprio de ninguém”, conclusões que Inês Neves disse ter sido enviadas depois ao Banco de Portugal.

Durante a audição sublinhou que no decurso da avaliação das contas havia diferenças nos valores de input e o valor revelado pelas demonstrações financeiras. Disse ainda que em 2014 havia o receio de que a ESI não conseguisse fazer face as responsabilidades.