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Rui Rio, líder do PSD, admite que está disponível para viabilizar um orçamento de estado suplementar, face ao impacto económico que a Covid-19 está a causar no país. Em entrevista à SIC, Rio explica que manterá o espírito crítico, mas será flexível para aprovar as medidas apresentadas pelo governo.
“Estou disponível para viabilizar um orçamento de estado suplementar. Não vamos aprovar tudo o que for apresentado, preciso de o ver, mas a latitude para aprovar é muito grande. Precisamos que o Estado tenha um papel mesmo muito forte nesta altura”, explica.
Rio coloca de parte a disputa política e garante que está a trabalhar por Portugal, e não com o Partido Socialista, que governa atualmente.
“Não estou a colaborar com o PS, estou a cooperar com o governo de Portugal, em nome de Portugal. Não vamos vender as nossas ideias ao desbarato, mas temos sentido de responsabilidade. O PS votou contra tudo o que o PSD apresentou, mas o país não está para estados de alma. É preciso olhar para o interesse nacional, não vou abandonar a colaboração”, diz.
O líder do PSD explica que os orçamentos de estado dos próximos anos estarão muito condicionados devido à crise causada pela paralisação da economia, na sequência da pandemia da Covid-19.
“Os orçamentos de 2021, 2022 e 2023 vão ser muito condicionados pelo que estamos a passar. Quanto mais tempo durarem as medidas inerentes ao estado de emergência, mais longa será a recessão e difícil a recuperação. Um partida da oposição responsável tem de ter consciência disso e não deve criar dificuldades ao país só para criar dificuldades ao governo. Não vamos aceitar tudo, vamos ser críticos, mas há uma latitude muito grande para aprovar”, explica.
Governo de “salvação nacional” não implica forma de governação
Rui Rio esclareceu também as declarações que fez à RTP, quando afirmou que Portugal iria precisar de “um governo de salvação nacional”. O líder do PSD explica que não falou de uma alteração na forma de governação, mas sim uma visão do governo que estará à frente do país.
“O que estou a pensar não é numa forma de governação, mas na palavra salvação. O governo que estiver em funções terá de ser de salvação nacional, porque Portugal vai ficar numa situação económica tão difícil que a lógica de governação terá de ser de salvação. A economia ficará numa situação terrível. Não era por aí que estava a pensar, só na situação do país”, diz.
Um governo central não é um cenário que agrada a Rui Rio, que prefere não fazer previsões a longo-prazo: “Isso é uma solução um pouco contranatura. É difícil antever o que vai acontecer e a situação social e económica em que o país vai estar. O mais inteligente e com mais bom senso nesta altura é não tentar desenhar cenários que não temos a noção do que vai mesmo ser”.
“Choque fiscal” impossível de ser aplicado
A recessão causada pelo coronavírus impediria que Rui Rio colocasse em prática o “choque fiscal”, uma proposta amplamente defendida pelo PSD durante a campanha eleitoral.
“Seria quase impossível cumprir a nossa proposta de redução de impostos, porque assentava na folga do crescimento económico. O que temos neste momento não é crescimento, é decréscimo do PIB, uma grande parte das pessoas está parada. A folga já não existe. Não era honesto se dissesse que tinha condições para fazer a mesma coisa que poderia com outro enquadramento”, disse.
Sem financiamento europeu, juros vão disparar
Rio reagiu ainda à aprovação do acordo do Eurogrupo para dar resposta financeira à crise provocada pela Covid-19. O líder social-democrata recusa terminologias e explica que fundamental é Portugal ter acesso a financiamento europeu, para evitar que as taxas de juros disparem.
"Não é importante que se chame, ou não, coronabonds. Isso é uma espécie de slogan. O importante é o financiamento às economias da União Europeia. Sem isso, países como Portugal e Itália, com uma dívida pública brutal, as taxas de juro vão subir de forma brutal. É fundamental que a Europa tenha soluções financeiras para financiar como um todo, e em particular os que têm mais dificuldades", termina.