Os talibãs tomaram este sábado a cidade de Sheberghan, no noroeste do Afeganistão, a segunda capital de província a cair nas mãos dos insurgentes em menos de 24 horas e desde a retirada final das forças estrangeiras do país.
"Infelizmente, a cidade de Sheberghan foi capturada pelos talibãs", disse à France-Press Qader Malia, vice-governador da província de Jawzjan, da qual Sheberghan é capital, acrescentando que as forças afegãs e os responsáveis "fugiram para o aeroporto".
Karim Jawzjani, deputado pela província na câmara baixa do parlamento afegão, disse à agência Efe que a cidade caiu nas mãos dos talibãs esta manhã, após vários dias de intensos combates.
Ao início da tarde de sexta-feira, a cidade de Zaranj, no sudoeste do Afeganistão, tornou-se a primeira capital provincial do país a cair nas mãos dos talibãs em vários anos.
Vários responsáveis locais confirmaram que os talibãs tomaram Zaranj, na província de Nimroz, no que representa um grande golpe para as forças governamentais afegãs.
Os talibãs reivindicaram a vitória em Zaranj num ‘post’ partilhado na rede social Twitter.
“Isto é o princípio, e veremos como outras províncias cairão nas nossas mãos muito em breve”, declarou um comandante talibã.
A última vez que os talibãs tinham conquistado uma capital provincial foi em 2016, quando detiveram, por um breve período, a cidade setentrional de Kunduz.
Os talibãs têm avançado sobre o Afeganistão nos últimos meses, após lançarem em maio uma ofensiva de grande envergadura que coincidiu com a retirada das forças norte-americanas, após 20 anos de operações militares.
Até agora, controlavam sobretudo vastas áreas de território rural, onde encontraram pouca resistência das forças governamentais que mantinham, no entanto, o controlo das capitais provinciais e das principais estradas do país.
A enviada especial da ONU para o Afeganistão, Deborah Lyons, disse na sexta-feira que a guerra no Afeganistão entrou numa “nova, mais mortífera e mais destrutiva fase”, com mais de 1.000 civis mortos no último mês.
Lyons advertiu que o país se dirige para uma “catástrofe” e apelou ao Conselho de Segurança para emitir uma “declaração sem ambiguidade de que os ataques a cidades têm que parar agora”.