O bispo de Vila Real manifestou esta quarta-feira profunda tristeza e vergonha pela realidade demonstrada no relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica, e declarou o seu pedido de perdão às vítimas.
A posição de António Augusto Azevedo foi dada a conhecer através de um comunicado, divulgado hoje e após uma reunião ordinária do Conselho de Presbíteros da Diocese de Vila Real.
Referindo-se ao relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, divulgado na segunda-feira, o bispo de Vila Real disse sentir “profunda tristeza e vergonha pela realidade manifestada”.
António Augusto Azevedo declarou o seu “pedido de perdão às vítimas” e a “necessidade de a Igreja procurar acompanhar a todos os que foram feridos por esta indignidade”.
Acrescentou ainda que este “é um tempo de purificação, em que a Igreja há de encontrar caminhos para a sua renovação”.
Também o Conselho de Presbíteros manifestou a “sua dor com todas as vítimas de abuso sexual na Igreja e, em particular, nesta diocese de Vila Real”.
Os conselheiros defenderam a “necessidade de encontrar todos os meios preventivos para que novos casos não voltem a suceder, de forma que os espaços eclesiais sejam espaços mais seguros, acolhedores e fraternos, nomeadamente para com os mais jovens e vulneráveis”.
O relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja recebeu 512 testemunhos validados, o que permitiu a extrapolação para a existência de, pelo menos, 4.815 vítimas, tendo sido enviados 25 casos para o Ministério Público.
Os dados revelaram que 97% dos abusadores eram homens e em 77% dos casos padres, além de que em 47% dos casos o abusador fazia parte das relações próximas da criança.
O estudo revela que foram relatados nove casos ocorridos no distrito de Vila Real.
O distrito de Lisboa concentra o maior número de casos (120), seguindo-se os distritos do Porto (64 casos) e de Braga (55 casos), Santarém (26 casos), Aveiro (24 casos), Leiria (21 casos), Coimbra (19 casos), Setúbal (18 casos), Viana do Castelo (15 casos), Viseu e a Região Autónoma da Madeira (14 casos), Bragança (13 casos), Évora e Guarda (12 casos) e Castelo Branco (11 casos).
Os restantes distritos do país apresentam menos de 10 casos.
O tema central do Conselho de Presbíteros da Diocese de Vila Real realizado esta quarta-feira foi a reflexão sobre a formação dos leigos, a realidade existente, as necessidades sentidas, os meios atuais e necessários à articulação da formação nas diferentes estruturas eclesiais: paróquias, arciprestados e diocese.
Se foi vítima de abuso ou conhece quem possa ter sido, não está sozinho e há vários organismos de apoio às vítimas a que pode recorrer:
- Serviço de Escuta dos Jesuítas , um “espaço seguro destinado a acolher, escutar e apoiar pessoas que possam ter sido vítimas de abusos sexuais nas instituições da Companhia de Jesus.
Telefone: 217 543 085 (2ª a 6ª, das 9h30 às 18h) | E-mail: escutar@jesuitas.pt | Morada: Estrada da Torre, 26, 1750-296 Lisboa
- Rede Care , projeto da APAV, Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, que “apoia crianças e jovens vítimas de violência sexual de forma especializada, bem como as suas famílias e amigos/as”.
Com presença em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Setúbal, Santarém, Algarve, Alentejo, Madeira e Açores.
Telefone: 22 550 29 57 | Linha gratuita de Apoio à Vítima: 116 006 | E-mail: care@apav.pt
- Comissões Diocesanas para a Protecção de Menores . São 21 e foram criadas pela Conferência Episcopal Portuguesa.
São constituídas por especialistas de várias áreas, recolhem denúncias e dão “orientações no campo da prevenção de abusos”.
Podem ser contactadas por telefone, correio ou email.
Para apoiar organizações católicas que trabalham com crianças:
- Projeto Cuidar , do CEPCEP, Centro de Estudos da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica
Se pretende partilhar o seu caso com a Renascença, pode contactar-nos de forma sigilosa, através do email: partilha@rr.pt