O referendo que se realizou este domingo na Venezuela “é um exemplo para o mundo”. A afirmação é de Andrés Pastrana, antigo presidente da Colômbia e um dos observadores do acontecimento.
“Não conheço na história recente um país onde a sua gente, os próprios cidadãos, sem a ajuda do Governo ou da autoridade eleitoral, tenham organizado umas eleições”, disse.
Mais de 7,1 milhões de eleitores participaram na consulta popular sobre o projecto de assembleia constituinte defendido pelo presidente Maduro.
Naquele que a oposição designou como o maior acto de “desobediência civil”, os venezuelanos deviam responder se apoiam, ou não, a Assembleia Constituinte, promovida por Maduro e convocada para 30 de Julho. Nesta votação, os eleitores pretendem exigir que as Forças Armadas defendam a actual Constituição e apoiem o parlamento, onde a oposição detém a maioria, afastando-se do Governo.
A consulta incluía uma terceira pergunta sobre se aprovavam uma renovação dos poderes Públicos, a realização de eleições livres e a formação de um governo de unidade.
Esta consulta popular não é reconhecida pelo Governo.
Pelo menos uma pessoa morreu a oeste de Caracas quando um grupo de homens armados disparou contra um dos postos onde se votava. No entanto, o chefe de campanha do referendo afirmou que duas pessoas morreram e quatro ficaram feridas.
Em Portugal também se votou. A grande afluência obrigou mesmo à abertura de mais uma assembleia de voto na Madeira, disse à Renascença Nataly Pestana, da Associação de Apoio aos Emigrantes Venezuelanos em Portugal.
A oposição insiste que a Constituinte acabará com o que resta da democracia no país e que será usada pelo Governo para avançar com um regime comunista ao estilo de Cuba.
Mais de 90 pessoas foram assassinadas na Venezuela desde Abril, no âmbito de protestos a favor e contra o Governo do Presidente Nicolas Maduro, segundo os números do Ministério Público.
As manifestações a favor e contra o Presidente intensificaram-se desde 1 de Abril passado, depois de o Supremo Tribunal de Justiça divulgar duas decisões que limitavam a imunidade parlamentar e em que aquele órgão assumia as funções do parlamento.