A Rússia e a China, ou melhor, os seus dirigentes, unem-se na hostilidade às democracias pluralistas ocidentais, que procuram dividir. Ambos consideram os Estados Unidos como um adversário, mas só a China pode aspirar a concorrer com os americanos enquanto potência mundial. Embora o crescimento económico da China já não seja o de há poucos anos atrás, a economia chinesa é hoje muito superior à russa.
Entretanto, a China aproveita o relativo isolamento internacional da Rússia para importar petróleo e gás russos a preços baratos. Quanto à guerra na Ucrânia, Putin reconheceu publicamente as preocupações da China. Xi Jinping afirmou recentemente: “Devemos defender firmemente o direito internacional, que coloca a ONU no centro, e uma ordem internacional baseada no direito”. A invasão da Ucrânia pela Rússia viola abertamente este princípio.
Repare-se numa outra afirmação recente de Xi Jinping: “o partido comunista (chinês) deve aprender a auto corrigir-se constantemente, para evitar o destino da União Soviética”. Este é o grande receio dos comunistas chineses. Para eles, o colapso soviético foi um desastre incompreensível. Como terá sido possível os comunistas russos, que tinham tanto poder, abrirem mão desse poder?...
Claro que Putin não é comunista. Mas o seu regime é ditatorial. A China partilha com a Rússia de Putin a ideia de um declínio do Ocidente democrático e de que o futuro estará na autocracia, não na democracia. Uma ideia em voga nos anos 30 do séc. XX na Europa, quando a extrema-direita europeia considerava a democracia representativa um regime ultrapassado, perante a emergência do comunismo e do nazi-fascismo.
Agora Xi Jinping tenta fortalecer Putin, que sempre é um autocrata. As preocupações chinesas quanto à solidez do regime ditatorial russo devem ter aumentado perante a recente má prestação dos militares russos face aos ucranianos, teoricamente mais fracos.