A varíola dos macacos (Monkeypox ou mpox) foi declarada uma emergência de saúde pública em África. A decisão foi tomada Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana, esta terça-feira.
De momento, quinze países africanos registam surtos de varíola dos macacos, provocada por uma nova estirpe do vírus mpox, com um total de 2.030 casos confirmados e 13 mortes até agora este ano, em comparação com 1.145 casos e sete mortes em todo o ano de 2023.
Os casos da doença, cujo principal foco infecioso foi a República Democrática do Congo, país que faz fronteira com Angola, e que já foi uma emergência sanitária internacional entre 2022 e 2023, estão a multiplicar-se em África.
Foram notificados casos pela primeira vez no Burundi, Quénia, Ruanda e Uganda, enquanto na República Democrática do Congo, também foram observados casos em províncias anteriormente não afetadas.
A República Centro-Africana foi o último país africano a declarar um surto de varíola a 1 de agosto.
"Nova variante associada a maior transmissibilidade e mortalidade"
Em declarações à Renascença, o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, Gustavo Tato Borges, explica que “esta nova variante vem de uma família diferente da que originou o surto de mpox que tivemos recentemente, e que ainda hoje nos obriga à vacinação de certos grupos de risco”.
“Esta é uma nova variante parece estar associada a uma maior transmissibilidade e uma maior mortalidade. Será necessário estarmos atentos para vermos o que é que o mundo terá de fazer para evitar uma situação dramática, caso esta variante se confirme mais contagiosa e mortal”, sublinha.
Já sobre a vacinação, Gustavo Tato Borges diz que, “neste momento, nós não temos nenhuma vacina dirigida para estas duas novas estirpes”.
No entanto, afirma que “aquilo que se sabia é que, para a outra variante, estar vacinado era um fator de proteção importante. Por isso, neste momento, na República Democrática do Congo, há uma campanha de vacinação alargada para minimizar o risco de transmissão e de ocorrência da doença”.
“Se de facto verificarmos alguma situação semelhante aqui em Portugal, a vacinação será uma arma que temos ao nosso dispor e que deveremos usar para tentarmos minimizar os riscos. Isto enquanto não tivermos algo que seja específico ou até termos a certeza que esta vacina funciona”, defende o especialista em Saúde Pública.
Gustavo Tato Borges relembra que “este vírus se transmite através do contacto próximo entre pessoas. Portanto contacto pele com pele, seja ele qual for. Se uma pessoa estiver em risco de estar contaminada, quer porque esteve em contacto com alguém infetado ou porque apresenta sintomas deve isolar-se imediatamente em casa, não ter qualquer contacto físico com outras pessoas e ligar ao SNS24”.
“Alguns dos sintomas que se podem sentir são as erupções cutâneas, presença de febre, dores de cabeça, mal-estar, entre outros”, conclui.
[notícia atualizada às 21h18 - com declarações de Gustavo Tato Borges]