“Foi tudo à vida”. Comerciantes de Chaves fazem conta aos prejuízos da cheia
03-01-2023 - 11:24
 • Olímpia Mairos

O dia é de contabilização dos estragos e de limpeza das lamas deixadas pela subida do caudal do rio Tâmega, que atingiu estabelecimentos comerciais e espaços públicos da cidade.

A manhã é de azafama na zona ribeirinha de Chaves. Depois da cheia de segunda-feira, que inundou algumas habitações e comércios e alagou a zona pedonal e campos agrícolas, comerciantes e serviços de limpeza da autarquia de Chaves trabalham para drenar caves inundadas, varrer lamas, limpar estabelecimentos e contabilizar prejuízos.

Maria Celina Salgado, proprietária do restaurante Verde Lírio, junto à ponte romana de Trajano foi uma das que mais sofreu com a cheia. A água entrou dentro do estabelecimento e deixou um rasto de destruição.

“O chão está todo coberto de lodo, o gesso está todo a levantar, as cadeiras de madeira estão perdidas e no armazém tinha duas arcas grandes e mercearia e foi tudo à vida”, diz à Renascença.

Dentro do espaço, onde a água subiu cerca de 50 centímetros, amigos da proprietária ajudam na limpeza das lamas. Abalada com o cenário que tem diante dos olhos e com os prejuízos, a proprietária diz que não sabe quando vai reabrir.

“Durante uns dias vou ter que estar fechada para secar isto tudo. Vou ter que comprar máquinas para proceder à secagem para ver se consigo recuperar algum gesso”, diz, revelando que desde 2019 ainda não se conseguiu levantar.

“Estive dois anos com a casa fechada. Primeiro as obras da Câmara, depois as minhas, e depois a Covid, e agora isto”, lamenta.

Também Domingos Fernandes, que tem um comércio de eletrodomésticos e ferragens, fala em grandes prejuízos devido à cheia.

“Vários prejuízos. Só o trabalho que dá para arrumar estas coisas é uma chatice grande. A água entrou e a mercadoria que estava no chão ficou toda molhada”, conta, adiantando que já participou ao seguro.

“Já participei ao seguro, vamos ver se dão alguma coisa”, diz enquanto vai arrumado os materiais que foram atingidos pelas águas do Tâmega.

No estabelecimento de Almiro Morais a água só não causou prejuízos, porque foram retirados todos os produtos antes da subida das águas.

“Derrubou aquela prateleira, mas os prejuízos são superficiais porque nos prevenimos. A gente já sabia que ia subir e tiramos a mercadoria toda”, conta à Renascença.

O rio Tâmega, que ontem subiu três metros acima do normal para esta altura do ano, galgou as margens e estendeu-se por toda a zona ribeirinha. Depois de regressar ao seu leito deixou para trás uma enorme quantidade de lodo que os serviços de limpeza da autarquia tentam, agora, remover para dar segurança à circulação dos peões.

“Temos muito lodo acumulado. Temos em todo o circuito pedonal, dos dois lados, muita terra”, diz Gabriel Rodrigues, responsável pelos serviços de limpeza da autarquia, antecipando um trabalho moroso que “vai demorar dias”.