O Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana pediu esta noite em Fátima igualdade de tratamento para estrangeiros e portugueses.
A Peregrinação Internacional Aniversária de agosto, que começou esta quinta-feira, integra a Peregrinação Nacional do Migrante e Refugiado.
Durante a homilia, D. José Traquina defendeu que “os estrangeiros são uma necessidade e um bem para Portugal, não para serem explorados ou mal tratados, mas acolhidos e protegidos com a mesma respeitabilidade que desejamos para os portugueses que vivem em qualquer outro país.”
"Os estrangeiros", considerou o bispo de Santarém, “devem ser informados acerca das nossas regras e hábitos de convivência e ter as condições para expressarem a sua cultura.”
Mas essa é também uma tarefa da Igreja. Revelando que “a Obra Católica Portuguesa de Migrações espera mais envolvimento dos Serviços Diocesanos com os migrantes”, D. José Traquina disse ser “desejável que os Secretariados Diocesanos para as Migrações desenvolvam iniciativas que tenham a ver com os migrantes portugueses no estrangeiro e também com os migrantes estrangeiros residentes em Portugal”.
Lembrando que "segundo um recente Relatório do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras" residem em Portugal mais de 590 migrantes estrangeiros, o bispo considerou que “esta é uma realidade para a qual a Pastoral da Igreja tem de estar atenta para acompanhamento e apoio.”
Por isso, pediu que "como cristãos, manifestemos capacidade de acolhimento e não cultivemos sentimentos que não correspondem à nossa matriz cristã de fraternidade universal".
Lembrando que "nos últimos meses, marcados pela pandemia, foi ressaltado o valor da vida humana", o prelado apontou que “houve dificuldades acrescidas” para os migrantes, como “os portugueses que não puderam regressar ou sair de Portugal, os que foram atingidos pelo vírus, os que ficaram desempregados e os que experimentam a fragilidade e a acentuada insegurança por viverem num país estrangeiro.”
O Presidente da Comissão Episcopal das Migrações revelou ainda que “de Cabo Delgado, em Moçambique, a Organização Internacional das Migrações dá-nos conta de que existem mais de 250 mil pessoas deslocadas” e que, embora de Portugal já tenham sido promovidas iniciativas de apoio, “a necessidade é grande” e “é urgente que seja encontrada uma solução para travar os combates armados que atingem pessoas inocentes.”
“Em África ou em qualquer parte do mundo”, acrescentou D. José Traquina, “é necessário considerar a pessoa humana como o centro, o valor e o bem maior a acolher, defender e promover, para que haja humanização e desenvolvimento social.”
A Peregrinação Internacional Aniversária de agosto, que termina na quinta-feira, assinala a quarta aparição de Nossa Senhora de Fátima, que teve lugar noutra data (19 de agosto) e noutro lugar (Valinhos).
Esta é a terceira peregrinação com peregrinos após o desconfinamento e a primeira em que estão registados grupos estrangeiros, estando prevista a presença de três grupos da Alemanha, da Polónia e da Espanha.
Segundo o gabinete de comunicação do Santuário, os números estão longe dos registados em 2019, em que estiveram inscritos 212 grupos estrangeiros e 68 portugueses (este ano estão inscritos quatro grupos portugueses).