O Plano Europeu de Combate ao Cancro centra-se nas novas tecnologias, investigação e inovação e engloba quatro áreas que “percorrem” o caminho da doença: prevenção, deteção num estado inicial, diagnóstico e tratamento, e melhoria da qualidade de vida dos doentes oncológicos e sobreviventes.
Ursula von der Leyen frisa que o objetivo é fornecer igual acesso a todos os cidadãos na União Europeia a tecnologias modernas de deteção e tratamento, aos mesmos padrões elevados de cuidados e a um apoio mais abrangente aos doentes e famílias.
Por seu turno, a Comissária da Saúde, Stella Kyriakides - ela própria, uma sobrevivente de cancro - referiu que este é um Plano de “esperança, resiliência e ação e esta é uma doença que pode e deve ser superada”.
“Conscientes que em muitos estados-membros há falta de informação, desigualdade no acesso e estigmas associados à doença ou simplesmente à palavra cancro, para nós é importante fazer mais e fazer diferente”.
Uma apresentação suportada no peso que cancro tem para os europeus: a Europa tem um décimo da população mundial, mas apresenta um quarto dos casos oncológicos a nível global. E os números deverão continuar a aumentar em quase 25% até 2035, sendo o cancro a principal causa de morte na União Europeia.
O impacto “grave” da Covid-19 no combate ao cancro, com a interrupção de tratamentos, atrasando diagnósticos e a vacinação assim como ao cesso a medicamentos, piorou a situação.
“Já o ano passado, enquanto estávamos todos a lutar contra a pandemia, muitos de nós estavam a travar uma batalha silenciosa, a batalha contra o cancro”, afirmou von der Leyen.
Efetivamente, 2,7 milhões de pessoas foram diagnosticadas com cancro em 2020 na União Europeia. 1,3 milhões não resistiram.
Estima-se que o impacto económico do cancro na União Europa ultrapasse os cem mil milhões de euros anuais.
Quatro mil milhões para um plano com metas ambiciosas
Para prevenir a ocorrência de cancros, a Comissão propõe ações com o objetivo de reduzir os fatores de risco: o consumo nocivo de álcool, a poluição ambiental e o tabaco. O objetivo é que, em 2040, menos de 5% da população europeia seja fumadora.
Para eliminar os cancros do colo do útero e outros derivados do papilomavírus humano (HPV), a Comissão prevê a administração da vacina a pelo menos 90% das raparigas e a um número crescente de rapazes.
Para facilitar a deteção de cancros mais frequentes em fase inicial, o Plano prevê o rastreamento de cancros na mama, do colo do útero ou do cólon a 90% da população europeia.
Até ao fim do ano, a Comissão quer lançar a iniciativa “Diagnóstico de cancros e tratamentos para todos” para ajudar a melhorar o acesso a diagnósticos e a tratamentos inovadores.
O objetivo é assegurar que, até ao fim da década, 90% dos pacientes elegíveis têm acesso a centros nacionais de Oncologia – que se coordenam através da criação de uma nova rede europeia – para responder ao acesso desigual a tratamentos de qualidade e a fármacos”.
Em relação aos sobreviventes, a Comissão quer adotar medidas que respondam à reabilitação, à recorrência potencial de tumores e a doenças metastáticas, mas também que apoiem a integração social e a reintegração no local de trabalho.
Já está, entretanto, a ser criado e vai ser desenvolvido nos próximos dois anos um Centro de Conhecimento sobre o Cancro, que visa assegurar a melhor coordenação de iniciativas científicas e técnicas.
O Plano Europeu de Combate ao Cancro conta com quatro mil milhões de euros de financiamento.