Na noite da festa do sexto aniversário do Livre, mas com um ambiente de "cortar à faca", Joacine Katar Moreira, deputada pelo Livre na Assembleia da República, afirmou que ganhou as eleições sozinha.
"Fui eu que ganhei as eleições, sozinha, e a direção quer ensinar-me a ser política”, afirma a deputada ao Observador, esclarecendo que o apoio que teve ao longo da campanha só chegou “de quem não era do partido”, diz Joacine.
Até na noite das eleições legislativas, Joacine garante ao jornal online ter-se sentido incomodada com a direção. Apontando diretamente a Rui Tavares e a “alguns membros da direção” que, do seu ponto de vista, antes de ser conhecida a eleição de uma deputada, festejavam a atribuição da subvenção partidária. Katar Moreira lamenta que a prioridade tenha sido festejar a subvenção e não aguardar para saber se conseguiam eleger algum deputado.
O que terá acontecido na manhã deste sábado terá sido resultado de uma precária comunicação, feita apenas com troca de e-mails, por canais oficiais. Na caixa de e-mail do partido na Assembleia da República (à qual dificilmente prestariam atenção, por ser sábado e cedo na manhã, explica) caiu o comunicado da direção sobre a abstenção de Joacine no voto de condenação pela “nova agressão israelita a Gaza”.
A deputada do Livre reconhece que tem “interesse” em manter uma boa relação com a direção do partido, “quer ao nível da relação institucional, quer ao nível da responsabilização”, mas tal não só não acontece neste momento, como “nunca aconteceu”.
Na noite de aniversário do Livre, Rui Tavares foi um dos que saiu do restaurante bastante tempo antes de Joacine chegar, para ir à RTP, onde é comentador habitual.
"Em relação a falhas de comunicação prévias ao voto, devo dizer que, conhecendo bem a forma de funcionamento do partido e sabendo que é uma direção colegial de 15 pessoas, em que é sempre possível apanhar alguém ao telefone, este argumento para mim não colhe", disse o fundador do Livre.