O primeiro-ministro cessante, António Costa, está em Bruxelas para se despedir, pelo menos para já, dos líderes europeus e para participar no seu último Conselho Europeu enquanto chefe do Governo.
Questionado três vezes sobre se estava no coração da União Europeia para se despedir ou se este era apenas um “até já”, Costa respondeu que se trata de "uma despedida", mas recusou pronunciar-se sobre o seu futuro.
"É, obviamente, uma despedida, quanto às funções de primeiro-ministro elas estão a cessar, não sei se na próxima semana, se é a seguir à Páscoa, mas quando, no final desta semana, tivermos resultados finais haverá seguramente uma indigitação de um novo primeiro ministro", respondeu.
Os jornalistas, porém, voltaram a insistir na pergunta, levando Costa a reiterar que esse não é o assunto não está na ordem do dia.
"Não vamos estar a especular sobre um assunto que não está, obviamente, na ordem do dia. Como é sabido, o que está na ordem do dia agora são as eleições europeias. Em cada país as pessoas vão votar no próximo dia 9 de Junho e escolher os seus deputados ao Parlamento Europeu. E, como sabem, em função daquilo que é a aritmética das maiorias que esses debates serão feitos" , afirmou, apelando aos partidos para que se "concentrem a disputar as eleições europeias."
Sobre a investigação judicial que decorre no âmbito da operação Influencer, o ainda primeiro-ministro recusou responder sobre se a sua carreira política está "refém da Justiça" e diz apenas esperar que esta funcione.
"Não, não vou responder a essa pergunta. Eu respeito a Justiça. Sempre a respeitei. Fui advogado, fui ministro da Justiça. Trabalhei muito para que este sistema fosse um sistema que fosse independente, que funcionasse com as devidas garantias de defesa. O que eu desejo para mim, é o que desejo para qualquer cidadão, é que a Justiça seja feita", respondeu.
Questionado pelos jornalistas sobre se ficou agradado ao ouvir o novo líder do PS admitir a viabilização de um orçamento retificativo, Costa lembrou a velha regra de que não fala de Portugal no estrangeiro. Contudo, não há regra sem exceção e o primeiro-ministro cessante acabou por falar de assuntos internos ao confirmar que já falou com Luís Montenegro, mas disse que ainda iam ter "um encontro mais aprofundado".
"Chega nunca fez campanha contra a UE"
Por agora, António Costa procura transmitir aos líderes europeus que não têm razões para se preocuparem com o futuro político de Portugal e que o país vai continuar alinhado com o projeto da União Europeia (UE), apesar da transição governativa e do crescimento da extrema-direita.
"As pessoas estão todas curiosas para saber o que é que vai acontecer. A explicação fundamental é: os dois principais partidos, que têm sido a base de suporte de Portugal ao projeto europeu, continuam largamente maioritários", explicou, acrescentando que "o próprio Chega, ao contrário do que acontece com outros partidos de extrema-direita em outros países da Europa, nunca fez uma campanha contra a UE, a explorar qualquer atitude de euroceticismo."
Costa está em Bruxelas para uma última ronda de contactos "com alguns dos principais protagonistas europeus com quem mais trabalhou", para transmitir uma "mensagem de agradecimento pelo trabalho construído, em boa articulação, ao longo dos últimos oito anos", segundo o gabinete do primeiro-ministro.
António Costa vai agora participar na reunião do Conselho Europeu, entre quinta e sexta-feira, que, em princípio, será a última enquanto primeiro-ministro.