Onde o PSD vê uma "mentira", o PS vê "semântica". O parecer que fundamenta as demissões da ex-CEO da TAP Christine Ourmières-Widener e do ex-chairman Manuel Beja, afinal, não existe, garante o ministro das Finanças. E perante isto o líder parlamentar social-democrata considera que "alguém mentiu".
Em declarações ao programa "São Bento à Sexta" da Renascença, Joaquim Miranda Sarmento regista que há "três ministros que disseram que havia parecer e era secreto. E no dia seguinte já não há parecer e o que houve foi o relatório da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) que é publico há pelo menos um mês".
Miranda Sarmento nota ainda "um silêncio ensurdecedor do senhor primeiro ministro", considerando que António Costa "tem de dar explicações sobre tudo isto que se passou".
Na réplica, o líder parlamentar do PS garante que "ninguém mentiu" no Governo e que "o que há é a defesa do interesse do Estado e do interesse público". Eurico Brilhante Dias acusa o PSD de estar "à procura de divergências de semântica e de léxico entre ministros"
O dirigente socialista acusa ainda o PSD de fazer da comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP "uma caça ao homem. Os senhores têm feito desta comissão de inquérito a caça ao Medina", lamentando ainda o que considera ser "o lamaçal" que os social-democratas "estão a promover".
Em mais um debate vivo e cheio de interrupções de parte a parte sobre a comissão de inquérito à gestão da TAP, Miranda Sarmento recusou esta acusação.
"O primeiro-ministro está em silêncio há uma semana, não diz nada sobre os factos graves de ver vários ministros a entrar em contradição de um dia para o outro e achar que numa comissão de inquérito o escrutínio de todos os responsáveis é 'lamaçal', lamento é o mesmo discurso de José Sócrates em 2008".
Ora, esta comparação provocou a resposta do líder parlamentar do PS: "Quando começam a falar de José Sócrates é porque já perderam os argumentos", atirou Brilhante Dias, logo interrompido por Miranda Sarmento: "É como os senhores quando falam da troika".
Brilhante Dias saiu em defesa das ministras da Presidência e dos Assuntos Parlamentares e também do ministro das Finanças. Nenhum deles entrou em contradição, garante o líder parlamentar socialista e o que se está a discutir é "semântica".
"Estamos a discutir semântica, porque há relatórios, pareceres jurídicos e há aconselhamento jurídico, que são coisas diferentes". Para Brilhante Dias o que se andou a discutir esta semana "é como é que as instituições públicas, o Estado e os órgãos de soberania defendem melhor o interesse público".
Este é um debate semanal entre os líderes parlamentares do PSD e do PS que pode ouvir na Edição da Noite da Renascença a partir das 23h00 todas as semanas e sempre disponível em podcast.