O Presidente russo, Vladimir Putin, estará surpreendido por não ter conseguido uma vitória completa sobretudo no Leste da Ucrânia, diz à Renascença Sandra Fernandes, investigadora da Universidade do Minho.
"Nós se olharmos para o desenvolvimento destes dois meses e meios de guerra, os russos não ganharam, mas os ucranianos também não perderam”, afirma a especialista.
Sandra Fernandes sublinha que “os objetivos russos não foram cumpridos” e tiveram que ser “redefinidos” devido à resistência ucraniana.
“Até é expectável que os ucranianos consigam, em breve, algumas contra-ofensivas, de forma mais massiva e, não deixa de ser surpreendente que a Rússia ainda não tenha conseguido uma vitória completa no Donbass e hoje vemos que os ucranianos resistem e que os russos ainda não controlam Donbass e nem, aliás, o corredor que controla Donbass à Crimeia e todo o sul da Ucrânia”, sublinha.
No discurso desta segunda-feira por ocasião do Dia da Vitória sobre a Alemanha nazi, Vladimir Putin manteve “esta ideia de ‘operação especial’ para uma Rússia que é vítima e que tem de se proteger da agressão, nomeadamente de uma Ucrânia neonazi e que estava prestes a nuclearizar", refere a investigadora.
Nestas declarações à Renascença, Sandra Fernandes afirma que a intervenção de Putin, “não trouxe a escalada que estava até anunciada por várias vias, vários porta-vozes do Kremlin, do Ministério dos Negócios Estrangeiros”.
“Foi um discurso muito patriótico, muito no sentido de alimentar o patriotismo dos russos. Esta ‘operação especial’ não foi referida nos seus termos mais práticos, foi uma referência ao espírito dos russos, ao seu valor, à capacidade de lutar pela pátria. Foi em primeira linha uma glorificação do espírito de resistência e de luta dos russos. A Ucrânia é vista como se fosse a nova Alemanha nazi por parte de Putin", nota a investigadora da Universidade do Minho.