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Para travar a transmissão da variante Delta, o Centro Europeu de Prevenção de Doenças pede para que seja reduzido o tempo de intervalo entre as duas doses das vacinas contra a Covid-19. O organismo prevê mesmo que até agosto esta variante, mais agressiva e resistente, será responsável por 90% das infeções no espaço comunitário.
Em Portugal, a Direção-Geral de Saúde (DGS) adianta que esta informação está a ser analisada, mas o virologista Pedro Simas diz ser uma medida viável, mas, para isso, é necessário haver vacinas suficientes. O mais importante é que 70% população tenha, o mais rápido possível, pelo menos, uma dose.
“Se conseguirmos ter vacinas suficientes para entrega, de modo a que se consiga atingir esse objetivo, e, para além disso, dar a segunda dose o mais rápido possível... estou inteiramente de acordo”, afirma à Renascença.
Pedro Simas recorda o alerta do vice-almirante Gouveia e Melo para as irregularidades na entrega de vacinas que pode significar um atraso de 15 dias para atingir a meta de 70% com uma dose no final de julho, para defender que, a verificar-se, o “mais importante é ter uma dose vacinal do que ter as duas”.
Sobre a variante Delta, o virologista lembra que está a ser mais predominante nas faixas etárias mais baixas.
“Temos uma variante que se está a disseminar exponencialmente nas faixas etárias que ainda não estão vacinadas”, afirma Pedro Simas, dando como exemplo o caso do Reino Unido, “onde a variante Delta já assume mais de 90% de prevalência”, mas que não se está a disseminar “significativamente nas pessoas com mais de 35 anos, mas abaixo dos 35 anos, porque nos mais de 35 anos há uma boa taxa de cobertura de uma dose vacinal”.
“Em Portugal é semelhante. Só que a faixa etária é um bocadinho mais alargada, porque temos uma boa cobertura dos 60 para cima e aí a variante Delta não se vê disseminação exponencial, vê-se mais nas camadas mais jovens, entre os 20 e os 40 anos”, observa.
O virologista aplaude, por isso, a decisão anunciada pelo coordenador da "task force", o vice-almirante Gouveia e Melo, de abrir a vacinação para maiores de 18 anos, já a 4 de julho. Assim, “será atingido o objetivo mais rapidamente”.
“A questão de abrir a vacinação aos mais novos não é por estarem em risco. É para tentar atingir o mais rapidamente os tais 70% no grau vacinal”, explica.
Segundo Pedro Simas, a estratégia é inteligente, porque “mesmo que só se vacine 40% de cada década etária, pelo menos, ao se alargar há uma probabilidade de chegar ao tal objetivo dos 70% com uma dose mais rapidamente”.
No entender deste especialista, com o avanço da vacinação nos mais novos serão cada vez mais visíveis os resultados, com a diminuição no número de internamentos. “Isto porque temos a proteção das vacinas. São muito eficientes para proteger contra a doença severa e a morte. E portanto, daqui a um mês vamos ver ainda uma melhoria ainda maior e, por isso, temos que tentar rapidamente chegar aos 70%, pois assim o vírus perde capacidade, visto não ter hospedeiros suficientes, suscetíveis para se disseminar de uma forma exponencial”, explica.
O virologista desmistifica mesmo a ideia de que não será necessário ser vacinado depois de se atingir a imunidade de grupo e aproveita para relembrar que este vírus será endémico.
“As pessoas vão sempre ser infetadas, mais cedo ou mais tarde, pode demorar um ano, dois ou três anos, vão sempre ser infetadas, que é geralmente o que acontece naturalmente com os coronavírus. Em média, nós somos afetados a cada dois/três anos pelo mesmo coronavírus”, conclui.