As escolas em Portugal estiveram mais dias de portas fechadas do que a média dos países da OCDE. É o que revela o relatório sobre educação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico que, na edição deste ano, analisa o impacto da Covid-19 na educação das crianças e jovens.
A publicação sublinha que os alunos do 3.º ciclo foram aqueles que ficaram mais tempo sem entrar na escola: 97 dias. Mais cinco do que a média dos 37 países da OCDE.
O mesmo relatório alerta que as crianças de famílias desfavorecidas precisa de cinco gerações para sair da pobreza, sublinhando a importância do ensino presencial e “de haver formação de professores para que saibam lidar com a diversidade que encontram, quando chegam à sala de aula”.
Durante a pandemia de Covid-19, o fosso entre alunos favorecidos e carenciados aumentou, mas há medidas implementadas pelos países que podem minimizar a situação e Portugal é apontado como exemplo.
“A luta contra as desigualdades não é o combate dos sistemas de educação, estamos a falar neste caso de um combate coletivo”, explica o analista Eric Chabornnier, sublinhando que “o exemplo de Portugal é muito interessante”.
“Há uma luta contra o abandono escolar, sobretudo nas zonas mais desfavorecidas, que coloca no lugar uma política inclusiva e que junta as autarquias, os atores sociais dessas autarquias, e as escolas que trabalham juntas com as famílias, para que seja implementada uma política que seja aceite por todos”, detalha o analista da OCDE, assinalando que “este é um elemento chave da luta contra as desigualdades do combate que se trava fora das escolas”.
Outra das medidas é investir na formação de professores, para que desenvolvam a capacidade de compreender as necessidades individuais dos alunos e consigam adaptar as estratégias de aprendizagem a cada uma das crianças e jovens.
De acordo com o estudo em Portugal, ainda são muitos os adultos com baixa escolarização. Portugal surge ao lado da Colômbia, Costa Rica, Turquia e México como os cinco países com mais adultos sem o ensino secundário.
No relatório anual sobre educação, Portugal aparece como um dos países que teve o maior aumento de jovens entre os 25 e os 34 anos que continuaram a estudar depois de terminar o ensino obrigatório.
A OCDE destaca ainda que os salários dos professores com 15 anos de experiência aumentaram ligeiramente entre 2005 e 2020, menos em Portugal onde diminuíram 6%.
Mas o relatório diz também que os professores portugueses trabalham menos horas do que a média da OCDE, com destaque para o pré-escolar, com menos 100 horas por ano.