O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, criticou esta quarta-feira os recentes episódios de queima de exemplares do Alcorão por manifestantes anti-islâmicos na Dinamarca e na Suécia, falando em atos "xenófobos" e "racistas".
“A profanação do Alcorão, ou de qualquer outro livro considerado sagrado, é ofensiva, desrespeitosa e uma clara provocação. Expressões de racismo, xenofobia e formas de intolerância não têm lugar na União Europeia", avança o dirigente em comunicado.
Ecoando as críticas feitas pelo Papa Francisco, Borrell relembra que a "diversidade é um valor fundamental da UE” que exige “respeito por outras comunidades religiosas".
“Nem tudo o que é legal é ético”, sublinha o representante da UE para os Negócios Estrangeiros, invocando o facto de este terem sido protestos autorizados pelos Governos dos dois países.
O também vice-presidente da Comissão Europeia considera que "estes atos, cometidos por provocadores individuais, só beneficiam aqueles que querem dividir as sociedades".
Os eventos foram organizados por um grupo que se autodenomina Patriotas Dinamarqueses. O mais recente, realizou-se esta terça-feira, em Copenhaga, em frente à embaixada egípcia.
É a terceira vez que um incidente desta natureza ocorre na capital dinamarquesa na última semana. No dia anterior, o mesmo grupo tinha queimado uma cópia do Alcorão em frente à embaixada do Iraque, o que gerou fortes tensões diplomáticas e desordem em Bagdade.
Da mesma forma, na Suécia, cópias do Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, também foram queimadas, fazendo subir ainda mais as tensões. Em Bagdade, capital do Iraque, um grupo de manifestantes entrou violentamente na embaixada sueca na última quinta-feira e incendiou-a.
Horas depois, o Governo iraquiano expulsou o embaixador sueco do país.