Veja também:
- Os últimos números da pandemia em Portugal e no mundo
- Todas as notícias sobre a pandemia de Covid-19
- Guias e explicadores: as suas dúvidas esclarecidas
- Boletins Covid-19: gráficos, balanços e outros números
O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa, defendeu, este sábado, que "o confinamento é a exceção e não a solução", e alertou para os perigos sociais de prolongar os estados de emergência.
"O confinamento é a exceção, não pode ser a solução", disse o líder comunista à margem de uma iniciativa do Movimento Democrático de Mulheres (MDM), que decorreu esta tarde na Praça dos Restauradores, em Lisboa, no dia seguinte ao Presidente da República ter admitido um prolongamento do estado de emergência a partir de 1 de abril.
Questionado sobre essa possibilidade, Jerónimo de Sousa disse: "Essa posição é a mais cómoda, que é dizer que é preciso continuar o estado de emergência; as questões epidemiológicas são fundamentais, mas não pode haver uma contradição insanável entre as medidas de proteção e de exceção e a proteção da saúde, há que simultaneamente preparar o país para o desenvolvimento económico e pôr tantas coisas a mexer, neste quadro temos de conseguir apoios sociais que podem determinar o quotidiano de milhões de portugueses, e particularmente as mulheres, que se veem atingidas nos seus direitos".
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, indicou na sexta-feira que “é muito provável” a renovação do atual estado de emergência a partir de 1 de abril, de forma a cobrir o período da Páscoa.
“É muito provável que a partir do dia 1 de abril, cobrindo o período da Páscoa, haja ainda uma renovação do estado de emergência, mas vamos esperar para ver”, disse Marcelo Rebelo de Sousa ao final do dia em Madrid, antes de partir para Lisboa.
A sucessão de estados de emergência, argumentou Jerónimo de Sousa, "por si só, de facto, não responde às necessidades reais", pelo que é preciso garantir que mesmo neste estado de exceção "sejam respeitados os direitos, os horários, os salários, e se o Presidente da República acha que é preciso continuar com este estado de emergência, nós consideramos que há que continuar com as medidas de proteção social, mas responder na dimensão social e económica que permita ao país voltar à normalidade democrática".
Nas declarações aos jornalistas à margem da manifestação do MDM, Jerónimo vincou ainda que é preciso "agir para que as sequelas não se transformem numa consequência irreversível para quem trabalha" e defendeu o papel das mulheres na sociedade.
"Esta jornada é importante e de grande significado tendo em conta a convocação do MDM para esta grande jornada de luta, direito ao trabalho, à emancipação, a não ser sujeita à desregulamentação dos horários, a ser atacada no plano dos seus vínculos laborais, para além do combate ao preconceito, posicionamentos homofóbicos", disse o secretário-geral do PCP.
Chamando a atenção para a situação das mulheres, agravada com a pandemia, o líder comunista disse ainda que "a precariedade teve um efeito tremendo, na medida em que as mulheres foram as primeiras a ser afastadas, e foram prejudicadas no plano dos salários, no plano das medidas e tiveram problemas redobrados na família e na proteção das crianças", concluiu o líder comunista.