A social-democrata Manuela Ferreira Leite considera que a ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque revelou “ausência total de bom senso” ao aceitar o convite para integrara a Arrow Global, empresa londrina gestora de dívida ligada ao Banif.
Esta quinta-feira, no programa Política Mesmo, da TVI24, Ferreira Leite sublinhou que a ex-ministra tutelou uma instituição financeira que teve ligações com essa empresa e ligações que foram "prejudiciais para o país". Por isso, "qualquer bocadinho de bom senso levaria a que ela não aceitasse" o convite, atirou.
"Tenho poucas dúvidas de que a ex-ministra não conheça a legislação, mas mesmo que não houvesse legislação sobre esta matéria qualquer bocadinho de bom senso levaria a que ela não aceitasse. Ela tutelou, no mínimo tutelou, a instituição financeira que teve ligações com essa empresa e ligações prejudicais para o país. Teve ligações directas como ministra das Finanças e não saiu há quatro anos de ministra das Finanças, saiu há três meses", acrescentou.
Ferreira Leite refere-se ao actual regime de incompatibilidade. A legislação em vigor prevê que os titulares de órgãos de soberania ou cargos políticos que deixem de exercer esses cargos poderão voltar para o sector privado, mas com algumas restrições: terão de aguardar um "período de nojo" de três anos para entrarem em empresas que tenham tutelado directamente desde que, durante o mandato, as mesmas tenham sido privatizadas ou tenham beneficiado de incentivos financeiros ou fiscais. A única excepção é o regresso à empresa, ou actividade, que a pessoa exercia antes de assumir o cargo.
A comentadora não acredita "que haja alguma comissão de ética na Assembleia que vá aprovar uma coisa destas".
Ferreira Leite admite que tenha havido algum aproveitamento político sobre esta matéria, mas questionou: "o que é que ela esperava?". Para a comentadora, a antiga ministra de Pedro Passos Coelho "pôs-se mais do que a jeito".
"Pôs-se mais do que a jeito. Pôs-se defronte deles a dizer 'agora dêem-me lá pancada porque estão cheios de razão'. Não quero atribuir-lhe outra qualificação a não ser a ausência total, total, de bom senso ao aceitar um cargo desta natureza", rematou.