A junta militar birmanesa suspendeu pelo menos 1.683 professores e outros trabalhadores do setor educativo que estão em greve para apoiar o movimento de desobediência civil contra o golpe de Estado de 1 de fevereiro.
Os funcionários suspensos incluem 392 da Universidade de Artes e Ciências de Mandalay, 339 da Universidade de Rangum, 149 da Universidade de Línguas Estrangeiras de Mandalay e 60 da Universidade Tecnológica de Myitkyina, entre outros, segundo informação publicada este sábado pelo Irrawaddy, citado pela agência Efe.
Professores e trabalhadores de outros setores uniram-se ao movimento de desobediência civil iniciado por pessoal do setor de saúde contra os militares que em fevereiro passado acabaram com um período democrático de dez anos em Myanmar (antiga Birmânia).
"Aconteça o que acontecer, continuaremos a participar no movimento de desobediência civil até ao fim. Temos que resistir porque não podemos deixar as gerações futuras sob um regime militar", disse um professor da Universidade de Rangum em greve, que foi acusado de incitamento pela junta.
Além de greves, os birmaneses responderam com protestos diários ao levantamento liderado pelo general Min Aung Hlaing contra o governo de Aung San Suu Kyi, que se encontra detida e enfrenta várias acusações, incluindo a de traição.
A violenta repressão das manifestações provocou a morte de pelo menos 774 civis, incluindo mais de 40 menores e mantém detidas mais de 3.700 pessoas.
Os militares justificaram o golpe de Estado com uma alegada fraude nas eleições de novembro passado, nas quais o partido de Suu Kyi venceu destacado, como já tinha acontecido em 2015, com o aval de observadores internacionais.
Suu Kyi, que já esteve 15 anos em prisão domiciliária durante a anterior junta militar (1988-2011), governou com muitas limitações, já que os militares tinham amplos poderes, ocupando 25 por cento do parlamento e os ministérios da Defesa, Interior e Fronteiras.