Para assinalar os 94 anos de Ratzinger, a produtora espanhola “Goya Production” lança esta sexta-feira o documentário "Bento XVI, Papa emérito”, com a assinatura de Andrés Garrigó. O filme recolhe testemunhos de vários colaboradores, cardeais e amigos do Papa emérito, incluindo o seu secretário pessoal, o arcebispo Georg Gaenswein, e revela que muitos deles tentaram dissuadir Bento XVI da decisão de resignar, mas que Ratzinger nunca se arrependeu.
Também a imprensa italiana destaca uma recente edição que reúne homilias e comentários ao Evangelho escritas por Ratzinger (Mattia Pitau, "100 omelie e Commenti ai Vangeli", Ed. Palumbi), com prefácio do cardeal Angelo Comastri. Há oito anos, o cardeal Comastri, então vigário do Papa para a Cidade do Vaticano, testemunhou a sua despedida do Palácio apostólico.
O cardeal recorda aqueles momentos como um “relâmpago em céu sereno” e revela que se despediu do Papa emérito, quando ele saía do elevador e se preparava para se dirigir a Castelgandolfo.
“Assim que vi o Santo Padre Bento XVI sair do elevador, apercebendo-me da gravidade daquele momento, comecei a chorar. E espontaneamente saíram-me do coração estas palavras: ’Santo Padre, é um momento de tristeza'. O Papa Bento XVI olhou para mim, quase surpreendido, e depois tocou suavemente com a sua mão na minha face, como se quisesse enxugar uma lágrima, e sussurrou-me, com voz suave: 'Não, nenhuma tristeza! Só Jesus é indispensável e Jesus continua a segurar o leme da barca da sua Igreja! Avance com confiança!’“, revela o cardeal Comastri. E conclui: “Nestas palavras pude sentir o perfume da sincera humildade e da fé forte fé do Papa Bento XVI”.
Fragilizado fisicamente e com dificuldades de visão, mas lúcido, Bento XVI celebra o seu aniversário, com a habitual discrição, no Mosteiro Mater Ecclesia, onde vive desde que resignou.