O primeiro-ministro e líder do Partido Socialista considera que uma alteração no equilíbrio de forças parlamentares à esquerda, nomeadamente com “um Bloco de Esquerda forte” e um “PS fraco” seria sinónimo de ingovernabilidade.
Numa entrevista ao semanário “Expresso”, António Costa olha para o exemplo espanhol, em que a relação entre o PSOE e o Podemos não permitiu aos socialistas chegar a um acordo parlamentar, para explicar o seu receio em ter um Bloco de Esquerda mais forte.
“Acho que é fundamental um reforço claro do PS. Acho que é preciso evitar uma situação ‘à espanhola’, onde temos um Partido Socialista fraco que conduz a uma solução de ingovernabilidade. Temos que ter um partido socialista forte que garanta a estabilidade [em Portugal]. Temos todos de olhar para Espanha para perceber os riscos do que significa um PS fraco e um Podemos forte”, disse o líder dos socialistas portugueses ao Expresso.
Na entrevista, em que o primeiro-ministro fala da sua relação com os principais parceiros do Governo à esquerda, Costa tece ainda elogios ao Partido Comunista Português, dizendo que este é um partido com uma “maturidade institucional muito grande”.
“O PCP tem uma maturidade institucional muito grande. Já fez parte de governos provisórios, já governou grandes câmaras, tem uma forte presença no mundo autárquico e sindical, não vive na angustia de ter de ser notícia todos os dias”, diz Costa, que entende que todos estes fatores permitem “uma estabilidade na sua ação política que lhe dá coerência”.
Chamado a comparar os dois partidos, Costa socorre-se de uma comparação que atribui a um amigo para dizer: “o PCP é um verdadeiro partido de massas, o Bloco é um partido de ‘mass media’. E isto torna os estilos de atuação muito diferentes.
Ainda assim, Costa faz uma avaliação positiva da solução governativa, fazendo um balanço global positivo. “Sem o apoio do PCP e do Bloco não teríamos este Governo. Se não tivéssemos tido este Governo, não teríamos uma política económica que deu prioridade à devolução de rendimentos”.
Questionado sobre o programa do principal partido da oposição, o PSD, António Costa admite que ainda não o leu “de fio a pavio” mas que, do que leu, pereceu-lhe “um mau exemplo do que deve ser um programa de um partido que pretende ser Governo”.
Sobre a relação com o principal líder da oposição, Rui Rio, admite que não fala “regularmente” com Rui Rio e que, durante a crise energética, não falaram porque “o dr. Rui Rio pretendia manter-se de férias neste período”.