A OCDE defende que as aprendizagens em Portugal iriam melhorar se as escolas tivessem mais autonomia para escolher os professores cujos perfis se adaptam às suas necessidades, tal como tem sido proposto pelo ministro da Educação.
“As escolas poderiam beneficiar de um aumento de oportunidades relevantes para o desenvolvimento profissional dos professores, com maiores incentivos ao envolvimento no trabalho colaborativo e dando mais autonomia às escolas para escolherem os professores cujos perfis melhor se adaptam às suas necessidades”, lê-se no relatório anual da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) “Education at a Glance 2022”, divulgado esta segunda-feira.
Os investigadores defendem que estas mudanças iriam “melhorar o ambiente de aprendizagem e a organização” das escolas.
O ministro da Educação, João Costa, revelou, no início deste ano letivo, um projeto da tutela que iria permitir dar mais autonomia às escolas para que pudessem escolher um terço do seu corpo docente tendo em conta o perfil dos professores e os projetos educativos.
A proposta foi apresentada aos sindicatos de professores, que a recusaram, exigindo que a colocação de professores continue a ser feita através da seriação de docentes com base na sua classificação.
Entretanto, na semana passada, a Sedes - Associação para o Desenvolvimento Económico e Social - veio apresentar uma ideia: Era selecionado um grupo de professores através de um concurso e depois as escolas podiam escolher entre os primeiros cinco do topo da lista nacional.
A Lusa questionou o ministério da Educação sobre esta proposta, mas não obteve qualquer posição.
Todos os anos, a OCDE divulga o relatório “Education at a Glance”, no qual apresenta dados sobre vários países assim como análises comparativas entre modelos de ensino dos países da OCDE.
O relatório deste ano refere ainda que “Portugal beneficia de pessoal docente experiente e bem pago”, mas envelhecido.
Em Portugal, os professores têm ordenados mais elevados quando comparados com profissionais com habilitações académicas idênticas, segundo a análise feita pela OCDE.
Um dos motivos apontados para este facto é precisamente por ser uma classe envelhecida: Quase metade dos professores (45%) tem mais de 50 anos de idade e, por isso, a maioria está já nos últimos escalões da carreira.
A OCDE alerta para o facto de os portugueses participarem “pouco em atividades de aprendizagem coletiva” e muitos nunca terem “participado em atividades como co-ensino ou observação por pares”.