O Chefe de Estado português expressou ao Presidente do Brasil, Michel Temer, o seu pesar pelo incêndio que destruiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, considerando tratar-se de "uma perda comum" e "irreparável".
"Eu já testemunhei ao senhor Presidente do Brasil e, através dele, ao povo brasileiro, o nosso pesar, porque é uma perda comum", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, à margem do 46.º Congresso da Sociedade Internacional de História da Medicina, na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.
O Presidente da República referiu que o Museu Nacional, a mais antiga instituição científica do Brasil, fundada há 200 anos, no Rio de Janeiro, "foi criado por um rei português, D. João VI", e estava instalado num antigo palácio onde "viveram quatro monarcas portugueses: D. Maria I, D. João VI, D. Pedro IV e D. Maria II"."Tinha património que, além de ser fundamental para a história do Brasil, da América Latina, da América em geral e do mundo, nos dizia muito também a nós portugueses. E, portanto, acompanhamos o Brasil nesse pesar por uma perda que é irreparável. É, de facto, irreparável a perda daquele espólio", considerou Marcelo Rebelo de Sousa.
Questionado sobre a importância do investimento na cultura para evitar acontecimentos como este, o chefe de Estado respondeu: "Eu não quero comparar e espero nunca vir a comparar com nenhum facto similar em Portugal. Mas é evidente que os museus, como o património cultural em geral - este é o ano europeu do património cultural - merecem um investimento e uma atenção privilegiada".
O Museu Nacional, situado na cidade do Rio de Janeiro, foi destruído por um incêndio na noite de domingo e ao longo da madrugada de hoje.
A instituição tinha um acervo de cerca de 20 milhões de peças, incluindo uma coleção egípcia, que começou a ser adquirida pelo imperador Pedro I, e o mais antigo fóssil humano encontrado no Brasil, com aproximadamente 11.000 anos.
Por outro lado, em resposta à comunicação social, Marcelo Rebelo de Sousa confirmou ter recebido hoje a Cáritas da Venezuela, que disse ter-lhe exposto "o que tem sido a ligação magnífica com a Cáritas portuguesa, através da Santa Sé, do Vaticano".
"Pude testemunhar como a Cáritas portuguesa tem vindo a estabelecer um relacionamento discreto, mas eficiente com a Cáritas venezuelana", acrescentou.
Sem se alongar sobre a situação da Venezuela e dos portugueses que lá residem, o chefe de Estado reiterou que, como as demais autoridades portuguesas e partidos políticos, acompanha "permanentemente o que lá se passa, o que lá se vive, com uma atenção diária - como, aliás, o que se passa com as comunidades portugueses espalhadas pelo mundo".
"Trata-se de um acompanhamento e de uma solidariedade constante", frisou.
Num discurso em inglês, na abertura do 46.º Congresso da Sociedade Internacional de História da Medicina, Marcelo Rebelo de Sousa enalteceu o contributo de Portugal para as ciências médicas, sobretudo nos séculos XV, XVI e XVII: "Quando atravessámos os mares e conhecemos novas realidades geográficas e humanas".
Quanto aos tempos atuais, o Presidente da República defendeu que Portugal tem "escolas de medicina excelentes, como esta, e centros de investigação magníficos e muito competentes, fundações e uma rede impressionante de cientistas notáveis espalhados pelo mundo que estão a construir um presente prestigiado e a preparar um futuro muito melhor".