O coordenador da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), André Costa Jorge, teme que o drama humanitário dos refugiados cresça significativamente no Afeganistão sem a proteção dos países ocidentais. O futuro é muito incerto para quem fica no país.
“A nossa preocupação vai para além das pessoas que vão conseguir sair, porque trabalharam para organismos internacionais, com o Estado português, concretamente, mas todas aquelas que correm perigo de vida. Eu tenho recebido contactos de várias organizações de defesa dos direitos humanos, das mulheres, de jornalistas, etc… pedidos de apoio para tirar as pessoas do Afeganistão.”
O coordenador da PAR gostava que Portugal tivesse um papel mais ativo, nomeadamente no seio da União Europeia (UE), para ajudar a retirar do Afeganistão “todas as pessoas que correm risco de vida”, agora que os talibãs voltaram ao poder.
Sem corredores humanitários, muitos afegãos vão tentar abandonar o país por outras meios e sem proteção, o que se tornará muito perigoso, alerta André Costa Jorge.
“A informação que temos é que as pessoas que não conseguiram chegar ao aeroporto estão a tentar sair por meios próprios e por via terrestre, através das fronteiras com o Paquistão, a Turquia e o Irão. O governo talibã já veio dizer que não apoiará nem facilitará a saída do país, o que tornará a viagem mais perigosa.”
O coordenador da PAR, que também é diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados, considera que é preciso agir rapidamente.
“Creio que é já necessário começar a pensar nos dias a seguir e como se fará a proteção das pessoas. A presidente da Comissão Europeia já manifestou grande preocupação e dar um sinal que é necessário que a política europeia de proteção de refugiados e migrantes seja mais eficaz, que haja um acordo forte na UE de proteção dos refugiados.
“Eu creio que esse deve ser o caminho, mas devem ser encontradas vias muito práticas, medidas muito concretas para a reinstalação e proteção destas pessoas. Sobretudo, porque nós sabemos que grande parte dos refugiados é vítima de abusos, violência e de morte no trajeto”.
A Plataforma está pronta para receber os refugiados que chegarem e a “capacidade é elástica”. Depende das necessidades e do perfil das pessoas, explica André Costa Jorge. Está tudo a ser articulado com Alto Comissariado para as Migrações.
A Renascença falou também com o presidente da Câmara de Sintra, Basílio Horta. Através do seu Programa de Acolhimento e Integração de Migrantes, a autarquia pode receber até cinco famílias, cerca de 15 a 20 pessoas.
O objetivo é a integração plena, diz o autarca.
Sintra vai receber até cinco famílias, a Cruz Vermelha receberá outras cinco. A Renascença também apurou que a Santa casa da Misericórdia poderá acolher também entre duas a três dezenas de refugiados.