A greve de professores por distrito chegou esta sexta-feira à Guarda, com cerca de meia centena de profissionais a apelarem ao Presidente da República para que não promulgue o diploma de concursos e ao Governo que escute os seus anseios.
“Nós pedimos ao Presidente [da República] Marcelo [Rebelo de Sousa] que não promulgasse, por exemplo, o diploma de concursos porque consideramos que ele continua a ser lesivo naquilo que pretendemos em termos de resolução da precariedade na classe docente”, disse à agência Lusa Sofia Monteiro, coordenadora na Guarda do Sindicato dos Professores da Região Centro.
A sindicalista, que hoje participou no protesto iniciado pelas 12h00 junto à Escola Secundária da Sé (Agrupamento de Escolas da Sé), acrescentou que os professores não vão parar com a luta pelos seus direitos.
“Não podemos parar, não vamos parar. Traçámos um caminho e ele está definido, que é resolver os problemas que se têm avolumado ao longo do tempo e que não têm sido resolvidos pelos diversos Governos”, disse.
Segundo Sofia Monteiro, “tem que haver respeito” e ser criada “uma profissão que seja digna e dignificada”.
Para que tal aconteça, prosseguiu, isso passa pela contagem do tempo de serviço, pelas questões da aposentação e “por horários de trabalho que não sejam ilegais nem sobrecarregados”.
Os professores concentrados junto do portão de entrada do estabelecimento de ensino, onde também se juntaram alguns alunos, gritaram várias vezes palavras de ordem como “Professores exigem respeito”, “O tempo é para contar, não é para apagar”, “Os anos trabalhados não podem ser roubados” e “A luta continua nas escolas e na rua”.
Além de tarjas e bandeiras, também exibiram cartazes com as mensagens “Dignificar e respeitar a profissão de professor. Valorizar a docência. Aumentar salários e recuperar 6 anos, 6 meses e 23 dias”.
Sandrina Paredes, professora contratada há 23 anos, com 44 anos, exibia um cartaz onde apelava ao Presidente da República “para vetar o diploma dos concursos de professores e educadores, uma vez que não vai ao encontro” das suas pretensões, como explicou à Lusa.
Ao seu lado, um professor comentava que o ministro da Educação “precisa de uns aparelhos [auditivos]” para escutar os apelos dos docentes.
Por sua vez Agostinho Silva, dirigente na Guarda do Sindicato dos Professores da Zona Centro, teme que “o tempo perdido [exigido pelos professores] até acabe por prescrever”, dado que no país “prescrevem coisas para gente que andou na política em alto nível”.
Acrescentou, em declarações à Lusa, que “as pessoas estão gastas” de lutar, mas assegurou que “não vão desistir”.
A ação realizada junto da Escola da Sé foi o arranque para a concentração de docentes que terá lugar pelas 15:00, no Jardim José de Lemos, no centro da Guarda, com a participação de professores de todo o distrito.
As greves distritais, que decorrem até 12 de maio, foram convocadas por uma plataforma de nove sindicatos.