O dirigente do Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) José Luís Ferreira considerou este sábado que "com este silêncio do Governo" relativamente à negociação do Orçamento do Estado com o PEV, "dá ideia de que isto é para morrer".
Questionado se este momento parece ser o fim da solução governativa dos últimos anos, baseada em entendimentos entre o PS e os partidos à sua esquerda, o dirigente e deputado do PEV respondeu: "Sim, eu acho que há indícios que apontam para esse sentido.".
Em conferência de imprensa sobre as conclusões do Conselho Nacional do PEV, na Casa do Alentejo, em Lisboa, José Luís Ferreira referiu que nesta fase "nos anos anteriores o processo estava muito mais avançado" e que agora nem sequer há qualquer reunião marcada, concluindo: "As coisas conforme estão, com este silêncio do Governo, dá ideia de que isto é para morrer.".
O que ficou decidido pelo Conselho Nacional do PEV foi que, "tal como está", a proposta do Governo "terá o voto contra" deste partido, mas que "há ainda tempo até à votação na generalidade para procurar soluções com vista a viabilizar o Orçamento do Estado para 2022", comunicou.
José Luís Ferreira adiantou que, "para esse efeito, o Conselho Nacional responsabilizou a Comissão Executiva para ir acompanhando todo o processo, desde que haja algum sinal de abertura ou disponibilidade por parte do Governo e do PS para que haja essa conversa" - o que deve acontecer "até à votação na generalidade", frisou.
Segundo o dirigente do PEV, os eixos que este partido considera fundamentais "foram minimizados na elaboração do Orçamento do Estado": combate às alterações climáticas, à poluição e à pobreza e reforço dos serviços públicos.
Por outro lado, apontou ao Governo "uma diferença do ponto de vista da execução dos compromissos assumidos em 2021", afirmando que "nunca tinha acontecido uma discrepância daquilo que foi acordado com aquilo que veio depois a ser contemplado".
O dirigente e deputado do PEV assinalou que o executivo chefiado por António Costa não tem maioria no parlamento" e defendeu que, por isso, compete-lhe "procurar soluções com as forças políticas suficientes para poder viabilizar o Orçamento".
"Ou seja, o ónus não está deste lado, está do lado do Governo, que tem de apresentar aos portugueses um Orçamento que, sabendo que não tem maioria, não pode ser só ele a fazê-lo, terá de ter também a concordância e cedências mínimas ou razoáveis para que os outros partidos se possam rever no Orçamento", reforçou.