O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) esclareceu esta terça-feira que a auditoria interna sobre o processo de administração de medicação para a atrofia muscular espinhal não se resume ao caso das gémeas luso-brasileiras.
Em 08 de novembro, o CHULN anunciou que "decidiu dar início a uma auditoria interna para aferir sobre os procedimentos que foram realizados antes e durante o tratamento para a atrofia muscular espinhal administrado a duas gémeas em 2020 e que foi alvo de reportagem na comunicação social".
Questionado hoje pela Lusa sobre a auditoria interna, o centro hospitalar afirmou que a investigação "não se centra em casos isolados".
"O Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte deliberou em novembro de 2023 realizar uma auditoria interna ao processo assistencial de doentes com atrofia muscular espinhal tratados com o medicamento Zolgensma no CHULN, tendo como objetivo avaliar o sistema de controlo interno em funcionamento, abrangendo os procedimentos realizados antes, durante e após o referenciado tratamento", refere numa resposta escrita.
Adiantou ainda que a auditoria interna ainda está a decorrer e que, enquanto não estiver concluída, assim como as investigações externas também em curso, o CHULN, que integra o hospital Santa Maria, não fará comentários ou dará detalhes sobre qualquer caso.
O caso das gémeas foi revelado numa reportagem da TVI, transmitida no início de novembro, segundo a qual duas crianças luso-brasileiras vieram a Portugal em 2020 receber o medicamento Zolgensma, - um dos mais caros do mundo -- para a atrofia muscular espinhal, que totalizou no conjunto quatro milhões de euros.
Segundo a TVI, havia suspeitas de que isso tivesse acontecido por influência do Presidente da República, que negou qualquer interferência no caso.
Na segunda-feira, Marcelo Rebelo de Sousa revelou que a correspondência sobre este caso começou em 21 de outubro de 2019 com um email que o seu filho, Nuno Rebelo de Sousa, lhe enviou, sublinhando ter dado um despacho "neutral e igual a que deu em "n" casos".
Acrescentou não ter havido "intervenção do Presidente da República pelo facto de ser filho ou não ser filho", com a troca de informação junto da Presidência a terminar dez dias depois, em 31 de outubro.
"O que se passou a seguir não sei, para isso é que há a investigação da PGR. E espero, como disse há dias, que seja cabal, para se perceber o que se passou desde o momento em que saiu de Belém", afirmou.
O caso está a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República, pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS).