A economia portuguesa cresceu 0,9% no segundo trimestre face ao período homólogo e 0,3% em relação ao trimestre anterior, segundo o INE, que reviu esta quarta-feira em alta em 0,1 pontos percentuais cada um dos valores.
No dia 12 de Agosto, na estimativa rápida, o Instituto Nacional de Estatística (INE) tinha divulgado que o Produto Interno Bruto (PIB) tinha crescido 0,8% entre Abril e Junho deste ano em relação aos mesmos meses do ano passado e que tinha aumentado 0,2% face ao primeiro trimestre deste ano.
O contributo positivo da procura interna para a variação homóloga do PIB diminuiu “significativamente”, passando de 1,7 pontos percentuais no primeiro trimestre de 2016 para 0,6 pontos percentuais, o que ficou a dever-se a "um crescimento menos intenso das despesas de consumo final e uma redução mais expressiva do investimento".
Já a procura externa líquida "passou de um contributo negativo de 0,7 pontos percentuais no primeiro trimestre de 2016 para um contributo positivo de 0,2 pontos", traduzindo "a desaceleração mais acentuada das importações de bens e serviços em comparação com a das exportações de bens e serviços".
Comparando o desempenho do segundo trimestre com o do trimestre anterior, o INE aponta que "o PIB aumentou 0,3% em termos reais (0,2% nos dois trimestres anteriores)".
O consumo privado aumentou 0,1% entre Abril e Junho, depois de ter crescido 1% no trimestre anterior.
Já o investimento diminuiu 3% no segundo trimestre face ao período homólogo, depois de ter recuado 1,2% em volume no trimestre precedente.
Os números segundo o Governo
Para o ministro da Economia, os dados do INE mostram uma “aceleração da economia”, a par de outros indicadores, mesmo que ainda não satisfaçam o Governo.
“Os dados em cadeia mostram que o segundo trimestre já teve um crescimento melhor do que o primeiro e os indicadores que temos do terceiro trimestre são também muito positivos", afirmou Manuel Caldeira Cabral à Lusa.
O governante diz que a economia vinha de um período de estagnação, desde o início do ano passado até ao primeiro trimestre de 2016, e a revisão em alta divulgada pelo INE representa "um primeiro sinal de aceleração".
Caldeira Cabral vê " outros sinais positivos", como o emprego, que "esteve estagnado quase um ano": os números do segundo trimestre indicam um aumento de quase 90 mil postos de trabalho e "demonstram que está a haver novas contratações e confiança" na economia portuguesa.
O Governo antecipou que o PIB crescesse 1,8% este ano, uma projecção
mais optimista do que a do Fundo Monetário Internacional (1,4%), da Comissão
Europeia (1,5%) e do Banco de Portugal (1,3%).
"Saliento que um crescimento de 0,2% era consistente com um crescimento a 0,9% a nível anual. Um crescimento de 0,3% já nos coloca num crescimento anual, se este crescimento em cadeia se mantiver, próximo de 1,2%", declarou, mantendo confiança de que "o próximo trimestre continue esta aceleração".
Os números segundo o PSD e o CDS
A vice-presidente do PSD Maria Luís Albuquerque diz que a tendência negativa das variáveis "mais relevantes” do crescimento económico reveladas pelo INE torna "indesmentível" que o modelo económico do Governo está a conduzir a economia à “estagnação”.
“Os dados que hoje são públicos confirmam o falhanço do modelo económico que está a ser posto em prática Portugal", exemplificando que "o consumo privado, que era o suposto motor do crescimento, está em desaceleração" e que "o elemento mais preocupante é a confirmação da evolução muito negativa do investimento".
O modelo económico seguido, diz a ex-ministra das Finanças, "não tem capacidade para dar o que foi prometido, que seria crescimento económico, crescimento sustentado, com capacidade de melhorar e potenciar a criação de emprego".
A deputada do PSD fez uma comparação homóloga entre o segundo trimestre de 2015 e o segundo trimestre de 2016, começando por mostrar que "a procura interna há um ano estava a crescer 3,7% e está neste momento a crescer 0,6%".
"As exportações estavam a crescer 7,1%, estão a crescer 1,5%. As importações estavam a crescer 12,5%, estão a crescer 0,9%. O consumo das famílias, o suposto motor do crescimento, estava a crescer 3,3%, está a crescer 1,7%. O investimento – dado mais negativo e impressionante de todos – estava a crescer 5,2%, está a cair 3,1%", enumerou.
Para a presidente do CDS-PP a revisão em alta do crescimento no segundo trimestre é “uma pequenina correcção”, que mas não tira Portugal “de um crescimento muito anémico para aquilo que seria necessário e para aquilo que foi prometido por este mesmo Governo".
A líder centrista reiterou a crítica segundo a qual "o grande problema deste Governo é não ter política económica eficaz, não conseguir gerar a confiança necessária para haver investimento, para haver criação de riqueza, para haver criação de emprego, para aumentarem as exportações".
[Notícia actualizada às 14h24]