A atriz Carmen Dolores morreu na segunda-feira, aos 96 anos, disse hoje à agência Lusa uma fonte próxima da família. Com uma rica e importante carreira no teatro, cinema e televisão, foi também uma das fundadoras da Casa do Artista.
O anúncio tinha sido feito pelo encenador Jorge Silva Melo através de uma mensagem publicada nas redes sociais.
Carmen Dolores nasceu a 22 de abril de 1924, em Lisboa, e deu os primeiros passos da carreira, aos 14 anos, no teatro radiofónico do Rádio Clube Português.
A estreia no cinema aconteceu aos 19 anos, no filme "Amor de Perdição" (1943), o romance de Camilo Castelo Branco levado à tela pelo realizador António Lopes Ribeiro. Desempenhou o papel de Teresa.
Nos anos seguintes foi protagonista nos filmes "Um Homem às Direitas", "A Vizinha do Lado" e "Camões".
A sua aparição nos palcos aconteceu em 1945, na peça Electra, de Jean Giraudoux, na Companhia dos Comediantes de Lisboa.
Esteve oito anos no Teatro Nacional, na Companhia Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro, e passou pelo Teatro de Sempre, de Gino Saviotti, e pelo Teatro Nacional Popular. No início da década de 60 do século passado, ajudou a fundar o Teatro Moderno de Lisboa, com nomes como Armando Cortez, Fernando Gusmão e Rogério Paulo.
Estrela do teatro na televisão, Carmen Dolores também trabalhou nas séries televisivas/telenovelas "Passerelle" (1988), "A Banqueida do Povo" (1993) e "A Lenda da Garça" (1999).
No mesmo ano em que entrou na telenovela "Passerelle", a atriz foi protagonista no filme "A Mulher do Próximo", de José Fonseca e Costa.
A 15 de Maio de 2005 atuou pela última vez na peça "Copenhaga", espectáculo que marca o seu afastamento dos palcos e da televisão após 60 anos de carreira.
Carmen Dolores foi condecorada com o grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, pelo então Presidente da República Jorge Sampaio.
Em 2018, o atual chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, agraciou a atriz com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito, numa homenagem no Teatro da Trindade, em Lisboa.
Marcelo Rebelo de Sousa já lamentou a morte da atriz, enaltecendo "a sua carreira distinta", com "rigor e elegância" no teatro e em momentos importantes do cinema português.
Numa mensagem de pesar publicada no portal da Presidência da República na Internet, o chefe de Estado recorda que, "em 11 de julho de 2018, a sala principal do Teatro da Trindade, em Lisboa, passou a chamar-se Sala Carmen Dolores" e que nessa ocasião entregou à atriz as insígnias de Grande-Oficial da Ordem do Mérito, "uma das muitas distinções que lhe foram conferidas".
"Esse reconhecimento, expressivo, simultâneo e constante, do público, dos pares e dos responsáveis políticos, é tão significativo quanto justo, tendo em conta o talento de Carmen Dolores, a sua carreira distinta e uma certa ideia de estar em palco e de estar no espaço público", considera o chefe de Estado.
[notícia atualizada às 10h00 de dia 17]