WikiLeaks divulgou novos ficheiros após detenção de Assange? "Existem há anos"
13-04-2019 - 19:28
 • Renascença

Organização reage a notícias sobre "centenas de documentos secretos" supostamente novos que teria divulgado no rescaldo da detenção do seu cofundador.

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Na sequência da detenção de Julian Assange, alguns meios de comunicação internacionais noticiaram no dia seguinte que o portal da WikiLeaks tinha sido inundado com "centenas de documentos secretos" alegadamente novos.

Entre os ficheiros constaria, de acordo com alguns media portugueses, um relatório da Polícia Judiciária (PJ) sobre Madeleine McCann, a criança britânica que desapareceu na Praia da Luz, no Algarve, em 2004 - caso nunca resolvido ao qual a Netflix dedicou recentemente um documentário - e documentos sobre o projeto para a criação de uma Rede Ferroviária de Alta Velocidade (vulgo TGV) em Portugal.

Contudo, segundo a própria organização de denunciantes este sábado, nenhum dos documentos noticiado é novo.

Na sua página de Facebook, a WikiLeaks sublinhou esta tarde que nenhum desses ficheiros é inédito.

"Nota: [o link] file.wikileaks.org não é uma divulgação, um depósito que funcione como seguro ou uma resposta à detenção de Assange", garante a organização. "É uma página onde documentos já publicados estão disponíveis para download em massa, para que qualquer pessoa possa criar cópias, aceder às publicações offline ou usar os dados em bruto." Os ficheiros ali disponibilizados, conclui, "existem há anos".

O esclarecimento surge dois dias depois de o australiano que ajudou a fundar a WikiLeaks ter sido levado da embaixada do Equador em Londres, onde vivia desde 2012 sob asilo político.

Na sua primeira audiência no Reino Unido, o juiz britânico a cargo do processo declarou Assange culpado de não ter comparecido em tribunal nesse ano no âmbito de um pedido de extradição da Suécia, um caso entretanto arquivado pelas autoridades em Estocolmo. Pela ofensa, enfrenta até 12 meses de prisão no Reino Unido.

A Polícia Metropolitana de Londres já confirmou que deteve Assange, em parte, sob um pedido provisório de extradição apresentado pelos EUA, cujas autoridades pretendem julgá-lo por "conspiração" e "ciberataques" aos sistemas do Governo federal.

Em causa está a divulgação, em 2010, de centenas de milhares de documentos secretos sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque, bem como de comunicações diplomáticas que expuseram o que vários antigos embaixadores norte-americanos pensam sobre os líderes dos países onde trabalharam.

O juiz a cargo do processo de Assange no Reino Unido deu ao Departamento de Justiça dos EUA dois meses para apresentar um caso concreto contra o australiano e um pedido formal de extradição com base nesse processo.