O Twitter lançou segunda-feira uma nova ferramenta de luta contra a desinformação que recorre diretamente à colaboração dos próprios utilizadores, duas semanas depois de banir o ex-presidente dos EUA, Donald Trump.
A exclusão da conta do multimilionário norte-americano evidenciou o poder daquela rede social em termos de regulação da liberdade de expressão e lançou o debate sobre o tema entre diversos líderes internacionais.
A nova ferramenta “Birdwatch” (observação de aves) permite a um conjunto de voluntários nos Estados Unidos assinalar mensagens e escrever notas de contexto que serão visíveis, inicialmente, apenas numa plataforma separada.
“O nosso objetivo é tornar essas notas visíveis logo abaixo dos ‘tweets’ para o público mundial do Twitter quando houver um consenso generalizado entre uma grande e diversificada base de colaboradores”, explicou, em comunicado, o vice-presidente do Twitter, Keith Coleman.
Segundo um inquérito preliminar realizado pela rede social, “os utilizadores gostam que as notas sejam provenientes da comunidade (mais do que da autoridade central do Twitter) e que forneçam um contexto para ajudá-los a compreender um ‘tweet’ (em vez de se concentrar em etiquetas como ‘verdadeiro’ ou ‘falso”, acrescentou o responsável.
A empresa com sede em São Francisco deu recentemente um dos passos mais radicais e controversos da sua história, ao suspender o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por incitar à violência durante os tumultos no Capitólio, em 6 de janeiro.
Na semana passada, o dono e fundador do Twitter, Jack Dorsey, expressou a sua preocupação sobre o tema e considerou, numa reflexão individual, que a decisão foi “boa”, mas constituiu “um falhanço” da parte da rede social em “promover uma conversação saudável”.
“Isto abre um precedente que considero perigoso: o poder que um indivíduo ou uma empresa têm sobre uma parte da discussão pública global”, admitiu Dorsey.
A rede social Twitter era a principal ferramenta de comunicação de Donald Trump, que a utilizava para falar diariamente com os seus 88 milhões de seguidores.
O ex-presidente foi também suspenso do Facebook, Snapchat e Twitch, entre outras, dando origem a reações indignadas de chefes de estado ou organizações não governamentais, preocupados com o poder acumulado pelas redes sociais no que diz respeito à liberdade de expressão.
“Sabemos que lançar um sistema como este, assente na comunidade, vai colocar numerosos desafios – é preciso que resista a tentativas de manipulação para que não seja dominado por uma maioria simples de colaboradores ou julgamentos antecipados”, concluiu o patrão do Twitter.