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Há quatro edições que não vencia um autor africano. Germano Almeida, escritor nascido na Ilha da Boavista em Cabo Verde é o Prémio Camões 2018.
O anúncio foi feito esta segunda-feira pelo ministro português da Cultura, Luis Filipe Castro Mendes, em Lisboa.
O último autor africano a vencer este galardão, no valor de 100 mil euros, tinha sido o moçambicano Mia Couto.
Editado em Portugal pela Caminho, Germano Almeida estreou-se como contista na década de 1980. Autor do conhecido “O testamento do Sr. Napumeceno da Silva Araújo”, que foi adaptado ao cinema, Germano Almeida é uma das grandes vozes da atualidade literária cabo-verdiana.
A mais recente obra de Germano Almeida saiu em Portugal em 2014 e intitula-se “De Monte Cara vê-se o Mundo”. Antes o autor tinha escrito títulos como “A morte do ouvidor”, em 2010, e “Dona Pura e os Camaradas de Abril”, em 1999. Segundo a editora portuguesa de Germano Almeida, o autor tem novo livro que sairá na próxima semana em Portugal, chama-se “O fiel Defunto” e trata-se de um romance.
Germano Almeida “apresenta uma visão do mundo muito irónica, critica e não violenta”
Na edição em que se assinalam os 30 anos do Prémio Camões instituído por Portugal e Brasil, o júri presidido pelo académico brasileiro José Luis Jobim destaca a “inventividade narrativa” de Germano Almeida, sublinhando a “plasticidade” da sua escrita.
O ministro português da Cultura destacou a sua admiração pelo escritor. Castro Mendes falou da “originalidade e auto humor” de Germano Almeida, que “apresenta uma visão do mundo muito irónica, critica e não violenta”.
Presente na sessão esteve também o embaixador do Brasil em Portugal que falou do escritor como “um representante da riquissima literatura cabo verdiana que mostra a vitalidade da língua portuguesa”. Também no anúncio que decorreu num hotel em Lisboa, estava o ministro da Cultura de Cabo Verde que falou de imediato por telefone com o galardoado. Segundo Abraão Vicente, este prémio Camões “vem em tempo justo a dois meses de Cabo Verde assumir a presidencia da CPLP”, uma feliz coincidência quanto a presidência ser dedicada aos temas “oceanos, pessoas e cultura”.
O júri que decidiu laureá-lo foi constituído por Leyla Perrone-Moisés, representante do Brasil, o poeta José Luís Tavares, de Cabo Verde, o português Manuel Frias Martins, a poetisa Ana Paula Tavares, de Angola, e Maria João Reynaud – professora jubilada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Instituído em 1989, por Portugal e Brasil, o Prémio Camões já foi atribuído a autores como o angolano Pepetela e aos portugueses António Lobo Antunes, Maria Velho da Costa, Manuel António Pina e Hélia Correia. Do Brasil, destaque para o prémio de há dois anos, Radouan Nassar, ou os anteriores João Ubaldo Ribeiro e o poeta Ferreira Gullar.
Em reação ao Prémio Camões, Germano Almeida ficou "surpreendido", mas "muito feliz" por constatar que o seu trabalho é apreciado a ponto de receber o galardão maior da língua portuguesa.
"Estou contente, muito feliz por saber que o que escrevo é apreciado ao ponto de me darem um prémio tão prestigiado como o Camões", disse Germano Almeida em declarações à agência Lusa, por telefone, a partir da sua residência, na cidade cabo-verdiana do Mindelo.
O escritor mostrou-se surpreendido com a distinção por considerar que "existem muitos escritores que merecem o prémio tanto ou mais" do que ele.
[notícia atualizada às 19h49]