Dois anos depois do início do “trabalho de casa”, a câmara municipal de Évora assume oficialmente a decisão de avançar com a candidatura da cidade a Capital Europeia da Cultura, em 2027.
“É uma candidatura inclusiva, não só de Évora, mas de todo o Alentejo”, pois, explica Carlos Pinto de Sá, “temos uma identidade alentejana que nos diferencia de qualquer outro ponto do mundo, e é uma qualidade que se transforma em potencialidade para esta candidatura”.
À margem do Workshop Internacional "Culture Capital Cities", que começou esta quinta-feira na cidade, o presidente do município alentejano classificou o momento como “ponto de chegada e ponto de partida para a candidatura”, através de um evento de reflexão para “abrir as portas à sociedade, a outras instituições e personalidades” que possam oferecer a Évora e à região “um maior peso nacional e internacional baseado na cultura.”
Arranca, agora, a segunda fase de um processo que Carlos Pinto de Sá espera esteja concluído “até ao início do próximo ano”, com “o essencial da candidatura formal elaborada.”
Ganhar é o objetivo, contudo, o autarca realça a importância do trabalho que se está a fazer na procura de uma estratégia cultural que permaneça na cidade e na região.
“Estamos a trabalhar num processo, não para que tenha um selo no final, mas que, independentemente desse selo, seja um trabalho produtivo para cidade e para a região, embora queiramos ganhar”, refere.
“Pretendemos inovar, ver mais longe e romper com barreiras”, por isso, acrescenta Carlos Pinto de Sá, “vamos ter a melhor candidatura para podermos ganhar, em 2027, o selo de capital europeia da cultura.”
“Queremos dar um banho de cultura e ganhar”
A “trabalhar nos bastidores” com a câmara de Évora está, também, a Entidade Regional de Turismo do Alentejo. Para o presidente, “esta é uma oportunidade histórica para se fazer uma pequena revolução como a que se fez há 30 anos quando Évora foi considerada Património da Humanidade.”
António Ceia da Silva reconhece que não se pode subestimar outras candidaturas, por isso há que “provar que somos melhores que os outros”, destacando desde logo o aspeto diferenciador de “uma candidatura inclusiva que não é apenas de Évora, mas de toda a região”.
Segundo o presidente da “Turismo do Alentejo”, Évora têm características únicas, pois “está hoje no top 5 a nível turístico das cidades com procura a nível nacional”, além ser detentora de “todas as condições do ponto de vista da sua estrutura e da sua potencialidade” para ser Capital Europeia da Cultura.
“Nós não queremos dar um banho de cultura e perder, queremos dar um banho de cultura e ganhar”, assume Ceia da Silva que recorre à metáfora do futebol para sustentar a sua afirmação: “Temos que jogar para marcar golos, pois banho de cultura já nós damos, agora queremos é que todos estes processos, documentos, estudos, sejam bem elaborados para que consigamos associar o banho de cultura ao banho de vitoria.”
O responsável evidencia, ainda, o facto do Alentejo ser “a única região do país que está num processo de certificação de biosfera, reconhecida pela UNESCO e pela Organização Mundial do Turismo (OMT), o que é muito relevante para este dossier.”
Por outro lado, prossegue, “na Universidade de Évora funciona o primeiro Observatório de Turismo Sustentável da OMT, em Portugal e o terceiro da Europa, que pretende estudar a ligação entre as comunidades e as dinâmicas turísticas.”
São aspetos que tornam a candidatura, remata Ceia da Silva, “diferenciadora e que se distingue das outras” que se perfilam.
A Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, a Câmara Municipal de Évora, Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo, Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Alentejo, Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central, Direção Regional de Cultura do Alentejo, Fundação Eugénio de Almeida e Universidade de Évora, são, por agora, as entidades que integram a comissão executiva da candidatura.