Equador. Líder de gangue em prisão de máxima segurança após morte de candidato
13-08-2023 - 18:40
 • João Pedro Quesado

O líder do gangue Los Choneros é acusado de enviar ameaças de morte a Fernando Villavicencio, que foi assassinado com três tiros na cabeça.

Milhares de soldados e agentes da polícia do Equador estiveram envolvidos, na manhã desde domingo, na transferência do líder de um gangue para uma prisão de máxima segurança, após o homicídio do candidato presidencial Fernando Villavicencio.

O líder do gangue Los Choneros, Jose Adolfo Macias - conhecido como "Fito" - é acusado de enviar ameaças de morte a Villavicencio, que morreu na semana passada. O candidato, notoriamente anti-corrupção, foi baleado três vezes à saída de um comício de campanha em Quito, a capital do Equador.

De acordo com a BBC, Fernando Villavicencio afirmou antes do homicídio que tinha sido ameaçado por Fito. "Se continuo a mencionar os Los Choneros, eles vão quebrar-me," disse.

Fito estava na Prisão 8 desde 2011. Imagens partilhadas pelas forças de segurança mostram-no algemado e em roupa interior enquanto decorria a transferência para a prisão de alta segurança La Roca.

A viúva de Villavicencio, Veronica Sarauz, responsabilizou o Estado equatoriano pela morte do marido, e declarou-se infeliz com a substituta nomeada.

No sábado, o partido Construye anunciou que a candidata à vice-presidência, Andrea Gonzalez, vai substituir Fernando Vilavicencio como candidata presidencial, declarando que Gonzalez - com uma carreira focada nas questões ambientais, vai "garantir o legado".

Antes da candidatura à presidência, Villavicencio, de 59 anos, foi jornalista. Como candidato presidencial, era defensor de causas indígenas e trabalhistas, e contra a corrupção e o poder de gangs e dos cartéis.

Em 2022, o Equador teve a maior taxa de mortes violentas da história, 25,32 por 100.000 habitantes, a grande maioria associada, segundo o Governo, ao crime organizado e ao tráfico de droga, que ganhou força na costa e transformou os portos em pontos de saída para a cocaína que chega à Europa e à América do Norte.

No dia antes do homicídio, Villavicencio queixou-se à procuradoria-geral do Equador sobre alegadas irregularidades em contratos de exploração petrolífera negociados durante o mandato do antigo presidente Rafael Correa, que custaram ao país nove mil milhões de dólares.

O assassinato foi reivindicado pelo crime organizado local. As eleições estão marcadas para 20 de agosto, domingo.

Este sábado, o Papa Francisco condenou o homicídio, e, "com todas as suas forças", apelou ao fim da violência política no país sul americano.