Apesar do frio intenso desta noite de sexta-feira, cerca de 230 mil peregrinos encheram o recinto do Santuário de Fátima para rezar o terço e participar na procissão das velas. Durante a celebração da palavra a que presidiu, o cardeal Pietro Parolin traçou um retrato realista do nosso tempo.
“Sem Cristo morto e ressuscitado, a realidade imensa do sofrimento, fica prisioneira no sem-sentido e no desespero”, afirmou na homilia. “De facto, quando não se encontra uma alternativa à violência, à guerra, ao ódio fratricida, à exclusão e à marginalização, então a esperança duma mudança radical e dum futuro diverso e bom é simplesmente impossível”. No entanto, Parolin insistiu que “uma alternativa a tudo isso existe: é Cristo morto e ressuscitado, eternamente vivo. Ele é a alternativa, com o Evangelho, a sua proximidade aos doentes, o gesto de lavar os pés dos discípulos, o seu corpo cravado na Cruz, com o perdão levado até ao extremo, até ao amor dos inimigos. E para servir esta alternativa de misericórdia e paz que Deus concede ao mundo e à humanidade, nasce a Igreja.”
Neste contexto, e apesar das dificuldades, o Secretário de Estado do Vaticano reiterou o que o Papa Francisco tem insistido durante o seu pontificado, pedindo que “os cristãos não devem deixar que a esperança lhes seja roubada pela morte, pelos soberbos e os violentos”.
O tema da peregrinação aniversária deste 12 e 13 de maio, desta vez, coincide com o da próxima Jornada Mundial da Juventude, «Maria levantou-Se e partiu apressadamente». O tema foi também o pretexto para o Cardeal Parolin apontar um caminho de reconciliação: “Como Maria e com Maria, a Igreja aprende a permanecer junto dos crucificados da história e constrói pacientemente a cultura do encontro, do diálogo, da reconciliação e da fraternidade sem muros”.
Por fim, o responsável do Vaticano convidou os fiéis presentes a interceder junto de Maria para que “a Igreja se torne uma casa para muitos, uma mãe para todos os povos e torne possível o nascimento dum mundo novo”.