Mais de 40 milhões de pessoas foram vítimas da chamada escravatura moderna em 2016 e o trabalho infantil envolveu 152 milhões de crianças, com idades entre os 5 e os 17 anos. Os números resultam de uma investigação da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Walk Free Foundation, a que se juntou a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
O relatório mostra que a escravatura moderna tem o seu epicentro em África, seguindo-se a Ásia e o Pacífico.
Do total de vítimas, 240 milhões estão fechadas a trabalhar em fábricas, locais de construção, quintas, barcos de pesca e como trabalhadoras domésticas ou sexuais.
“Os trabalhadores forçados produzem alguma da comida que comemos e das roupas que vestimos ou limpam os edifícios onde vivemos e trabalhamos”, revelou o grupo num comunicado, frisando que este crime é transversal a todas as nações.
Dado que a escravatura moderna pode ser ligada às migrações, o grupo alerta que é de “vital importância” que haja melhores políticas sobre as migrações que possam prevenir o trabalho forçado e para proteger as vítimas.
“O
facto de na nossa sociedade ainda existirem 40 milhões de escravos modernos é
uma vergonha. Se tivermos presente os resultados dos últimos cinco anos – a partir
dos quais recolhemos dados – 89 milhões de pessoas foram alvo de alguma forma
de escravatura durante períodos de tempo que foram de apenas alguns dias a
cinco anos. Isto tem que parar. Todos temos um papel a desempenhar na mudança
desta realidade: governos, empresários, sociedade civil e cada um de nós”, pede
Andrew Forrest, fundador da Walk Free Foundation.
15,5 milhões casaram
contra sua vontade
As estimativas mostram que as mulheres e as meninas são das mais afectas pelo fenómeno, representando 71% do total. Três em cada quatro escravas são do sexo feminino e uma em cada quatro era criança.
O estudo diz que mais de um terço dos 15 milhões de vítimas de casamentos forçados tinha menos de 18 anos. Cerca de metade tinha menos de 15 anos.
“O rótulo de casamento é enganador. Quando olhamos para a realidade, também pode ser chamado de escravatura sexual”, alerta Fiona David, directora executiva do grupo de pesquisa.
Os casos de exploração infantil afectam 152 milhões e muitas das crianças estão envolvidas em trabalho de risco. Estes casos acontecem mais na agricultura, seguido do sector dos serviços e da indústria.
Este estudo inclui a análise de 48 países. Foram
entrevistadas mais de 71 mil pessoas e foi usada informação adicional da
Organização Internacional para as Migrações.