António Costa garante, em entrevista à agência de notícias internacional Reuters, que o PCP e o Bloco de Esquerda desistem de pôr em causa os compromissos europeus e que, por isso, o PS “está em melhor posição do que a direita para formar um governo estável para os próximos quatros anos”.
O secretário-geral socialista afirma à Reuters que, depois das reuniões com os líderes do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda, passou a existir um compromisso de respeito pelas regras europeias, nomeadamente o cumprimento das metas do défice.
“É claro, e pode ser uma surpresa para muitos porque é uma novidade, que pela primeira vez pode haver um governo que reflicta a maioria de esquerda no Parlamento, sem colocar em risco as regras europeias”, acrescentou.
António Costa disse ainda que espera concluir as negociações para poder formar governo a "curto prazo". O PS está pronto para governar e "virar a página da austeridade".
Segundo o líder socialista, apesar da derrota do PS, as eleições legislativas de 4 de Outubro mostram um "desejo de mudança na política" portuguesa, patente na maioria de votos reunidos pelas forças que se opõem à política de austeridade do governo de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas.
Costa sossega mercados
A Reuters escreve que os "mercados financeiros caíram nos últimos dois dias" em Portugal perante a possibilidade de Costa estar a formar um governo de esquerda.
"O que eu quero transmitir, especialmente aos mercados, é que Portugal vai manter a estabilidade dos seus compromissos europeus", afirmou António Costa à agência noticiosa.
A entrevista à Reuters foi publicada pelas 15h00 (hora de Lisboa), a três horas da segunda reunião entre responsáveis do PS e da coligação.
Costa afirma que as negociações com Bloco de Esquerda e PCP basearam-se no programa do Partido Socialista, enquanto as conversações com PSD e CDS basearam-se nos planos da coligação. Ou seja, a coligação de direita quer governar com base no seu programa.
"Mantemos a nossa posição de falar com todos em boa-fé", diz Costa. "Naturalmente cabe-nos também a nós, tendo em conta a falta de sucesso [da coligação PSD/CDS], tentar chegar a um governo que seja estável durante os próximos quatro anos e implementar a mudança que os resultados da eleição mostraram inequívocamente [que os portugueses querem]."