O arcebispo caldeu de Erbil receia que a chegada ao poder no Afeganistão dos talibãs funcione como um elemento catalisador para a atividade dos extremistas iraquianos.
De acordo com D. Bashar Warda, a atividade dos movimentos extremistas tem crescido nos últimos tempos no Iraque e a isso não será alheia a situação que se vive no Afeganistão.
Em declarações à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), D. Warda assinala que os dois países são muito diferentes, mas alerta que “a subida ao poder dos talibãs pode ter implicações extremamente graves para o Iraque”, podendo funcionar como “um incentivo àqueles que apoiam este tipo de regime”.
O bispo caldeu mostra-se “preocupado” com a atividade dos grupos terroristas no Iraque, reconhecendo que “eles não saíram totalmente” do país e que continuam dotados de “capacidade de causar danos”.
O arcebispo de Erbil teme que a retirada da missão dos Estado Unidos, até ao final do ano, irá agravar o sentimento de insegurança que já se está a viver e terá um impacto negativo, não só entre a comunidade cristã, mas também em relação a outras minorias religiosas presentes na região.
D. Bashar Warda nota que a História recente do Iraque ensina que “nos momentos de instabilidade e conflito são as minorias que sofrem primeiro” e, por isso, alerta que “qualquer mudança no envolvimento dos EUA no Iraque conduzirá a um aumento da instabilidade”.
“Estamos preocupados que [essa situação] irá conduzir a uma perseguição adicional às minorias religiosas”, afirma o bispo caldeu, mostrando-se, no entanto, esperançoso no futuro do cristianismo no Iraque, especialmente depois da visita do Papa Francisco ao país em março deste ano.
“Somos um pequeno número [de fiéis], mas estamos firmes e a dar o nosso melhor, onde quer que estejamos no Iraque, para mostrar que somos uma peça vital no tecido do país. Penso que a visita do Santo Padre mostrou ao resto do Iraque o impacto positivo da comunidade cristã e também o impacto positivo que pode trazer ao Iraque, à forma como o mundo vê o nosso país”, disse D. Bashar Warda em declarações à AIS.