O jornal "The Intercept" revelou documentos que confirmam que os Estados Unidos financiaram investigações científicas, na China, que incluíam a recolha de milhares de amostras de coronavírus em morcegos.
São projetos de investigação que decorreram em Wuhan - a zona do globo na qual teve início a pandemia da Covid-19.
Projetos nos quais os EUA terão investido mais de 3 milhões de dolares e que serviriam para estudar, precisamente, os novos coronavírus.
São cerca de 900 páginas de relatórios laboratoriais que, de acordo com o "The Intercept", mostram que, entre 2014 e 2019, e em ambiente laboratorial, entidades chinesas e norte-americanas manipularam amostras de coronavírus recolhidas em morcegos.
O trabalho dos cientistas incluía a recolha de amostras em grutas onde existiam grandes comunidades de morcegos e onde seria elevado o risco de contaminação.
Estas são informações que estão a ser usadas pelos defensores da tese de que a pandemia teve início numa fuga laboratorial.
Dizem que cada vez mais é evidente que o vírus foi, como que "fabricado" e que, tendo escapado de um laboratório em Wuhan, acabou por gerar a cadeia de infeções que esteve na origem da pandemia.
À Renascença, Miguel Castanho, do Instituto de Medicina Molecular, considera que estes projetos "são absolutamente normais".
"Os EUA felizmente apoiam muito a investigação científica e em parceria com outros países", explica.
Questionado se os documentos destas investigações são suficientes para associar ao início da pandemia da Covid-19, Miguel Castanho acredita que "é possível, em teoria, mas não é plausível".
"É bom que se faça uma auditoria independente e que haja uma análise destes documentos. De qualquer maneira, não me parece que a origem da pandemia esteja aí", conclui.