O presidente da CIP - Confederação Empresarial de Portugal acredita que o Governo vai acabar por baixar o IRC.
Questionado, pela Renascença sobre o caso da alegada “desautorização” do ministro da Economia por parte do ministro das Finanças, António Saraiva considera que o ministro António Costa Silva se referiu "fora de tempo" a uma eventual descida transversal do IRC, tendo em conta que o Orçamento não pode ser revelado ao público antes da sua apresentação.
“Isto é como nas empresas, o diretor comercial invariavelmente zanga-se com o diretor financeiro, porque um gere as expetativas e os negócios, e o outro gere os dinheiros”, exemplificou o presidente da CIP.
“Eu não diria que foi desautorizado, mas, enfim, o Orçamento não pode ser revelado publicamente antes da sua apresentação em Assembleia, e o senhor ministro da Economia, defendendo as dores dos empresários, o que só lhe fica bem, veio expressar um desejo, mas fê-lo fora de tempo”, complementou.
Depois de o ministro da Economia ter defendido publicamente uma descida transversal do IRC, o ministro das Finanças, Fernando Medina, acabou por mostrar algum desconforto, declarando que "não seria próprio trazemos para fora da negociação aquilo que está a ser tratado na mesa das negociações”.
O episódio, na ótica de António Saraiva, foi "desagradável" para o ministro da Economia e "deveria ter sido evitado". Ainda assim, o líder da CIP desvaloriza, afirmando que não há “nada que o tempo não resolva”.
“Acredito que o senhor ministro preferia que este episodio não tivesse esta ressonância que ganhou em termos de exposição pública, mas que isto não lhe retire o ânimo, não lhe retire o motivo pelo qual vem animado e que é, precisamente, promover algumas melhorias nos fatores de competitividade nas nossas empresas”, acrescenta.
Sobre a eventual descida do IRC, o presidente da CIP diz à Renascença, que não nenhuma decisão tomada, embora afirme sentir “da parte do governo alguma abertura” sobre esta questão em concreto.
Contudo, ressalva que “o IRC não é a bala de prata da carga fiscal, mas apenas um dos itens que estamos a discutir”.
Admite que o que “eventualmente acontecerá, é que não será uma baixa transversal, será uma baixa com diferenciação positiva para premiar ou, melhor dizendo, incentivar este ou aquele aspeto”.
António Saraiva diz-se ainda “convencido de que em sede de concertação social e no espírito do acordo de concertação que queremos celebrar”, a descida do IRC vai acontecer.
Depois do caso que envolveu o ministro Pedro Nuno Santos, o Governo está agora com mais um caso para gerir.
António Saraiva considera que “são casos evitáveis”, uma vez que o desejável é “ter um Governo forte, num tempo de crises como estas que vivemos”.